A Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), por meio do Museu Regional do Norte de Minas (MRNM), realizará, no próximo dia 29 de abril, palestra sobre “Pedro Braga e Saluzinho: dois homens em voga nos debates da memória social e da cultura política”. O evento, que ocorre no contexto do projeto “Clio no Museu”, está previsto para iniciar às 15h, na sede do MRNM, que fica na rua Coronel Celestino, 75, no Corredor Cultural, centro da cidade. A palestra será proferida pelos mestrandos em História da Unimontes e professores Valdir Macedo Neto, cuja dissertação será sobre Pedro Braga, e Sady Simões Ribeiro, que desenvolve dissertação sobre Saluzinho. Ambos trabalham a história oral.
Pedro Braga
Pedro Cordeiro Braga (1917–2000), segundo o professor Valdir Neto, é natural do povoado do Vau, distrito rural de Diamantina (MG), onde viveu toda a vida. Apesar de ser autodidata e da baixa escolaridade formal, destacou-se como contador de histórias e escritor popular. “Ao longo dos anos, Pedro Braga se dedicou a registrar em cadernos suas memórias, reflexões, poemas e causos, criando um vasto acervo que mescla lembranças pessoais com acontecimentos coletivos e histórias transmitidas oralmente por gerações”.
Neto explica que as narrativas de Pedro Braga “preservam aspectos fundamentais da história, cultura e modos de vida de sua comunidade, além de ecoarem traços mais amplos da história social do Vale do Jequitinhonha”. A intenção da pesquisa sobre Saluzinho é “compreender como a memória social da comunidade do Vau foi construída a partir do trabalho de rememoração realizado por Pedro Braga”.
Saluzinho
Já o lavrador Salustiano Gomes Ferreira (1917-1990) – conhecido como Saluzinho – atuou contra o aparato repressivo da Ditadura Militar (Varzelândia, Minas Gerais, 1967). O professor Sady Ribeiro tenta compreender as formas como tais “episódios de resistência” foram mobilizados “discursivamente ao longo dos anos por diferentes atores políticos” e de que maneiras a memória construída a respeito de Saluzinho “ajudou a conformar uma cultura política campesina” no Norte de Minas.
Para se ter ideia do que isso significa, o docente conta que, certa feita, desentendimentos entre Saluzinho e fazendeiro local, sobre limite de terras, acabaram por desencadear violência contra o primeiro. O fato foi notícia na imprensa nacional “com um forte viés contrário ao posseiro”. Ao lado de Saluzinho estavam organizações de esquerda, que se mobilizaram para defendê-lo e utilizar o enfrentamento “como exemplo de luta contra o Capital no campo”. Para o professor, “destas versões dissonantes emerge uma disputa de memória com extensões na esfera do discurso político, representativa de diversos conflitos mais amplos da sociedade brasileira”.
Clio no Museu
Coordenado pela professora Rejane Meireles Amaral Rodrigues, do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da Unimontes, o “Clio no Museu” promove encontros e palestras sobre temas históricos para a comunidade. Os assuntos são abordados por professores, acadêmicos e mestrandos do curso de História no MRNM. O objetivo é despertar o interesse pela História e proporcionar um espaço de diálogo entre comunidade e academia.
