– Alunos de assentamentos rurais destacam benefícios conquistados antes mesmo da conclusão das atividades –

Custódio Ducarmo e Gislaine de Paula são formandos do Magicampo e já observam reflexos positivos do curso em suas comunidades (Léia Oliveira)

Acesso à cidadania, através da educação e da inclusão social para dezenas de trabalhadores rurais do Norte de Minas. Este é um dos principais objetivos do curso de titulação em nível médio Magistério do Campo (Magicampo), implantado a partir da parceria entre a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), no âmbito do Programa de Educação na Reforma Agrária (Pronera). O ponto de partida está na implantação de processos de educação, alfabetização e conscientização nos assentamentos rurais.

O “Magicampo” atende aos requisitos legais relativos à organização do Ensino Médio, na modalidade Normal. São oito módulos, com duração entre 340 e 600 horas/aula (cada). No âmbito da Unimontes, as atividades tiveram início em maio de 2006 e serão concluídas em abril próximo, com vinte alunos (homens e mulheres) que trabalham como líderes nas suas respectivas comunidades rurais. As aulas acontecem no Centro de Educação Profissional e Tecnológica (CEPT) – antigo CEMF.

As Pró-Reitorias de Ensino e de Extensão são responsáveis pelos projetos pedagógicos e metodológicos, em consonância com as demandas apresentadas pelo próprio Incra, Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg) e pelo Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA), também parceiros da iniciativa.

NOVA IDENTIDADE

Para a coordenadora do programa na Unimontes, Maria Aparecida Queiroz, o Magistério no Campo estabelece uma formação voltada para o esforço coletivo dos movimentos sociais, universidade e organizações não-governamentais “na construção de um sistema público de educação para as escolas do campo”. E completa: “o educador passa a ter uma nova identidade, com pessoas envolvidas com a realidade do ambiente rural”. Os alunos em fase de conclusão do curso já atuam como atores sociais de suas comunidades, ou mesmo multiplicadores, promovendo ações de cidadania e interferindo nos processos de melhoria dos assentamentos.

Morador do município de Riacho dos Machados, Custódio Camilo Ducarmo tem 45 anos e considera o curso como uma oportunidade para adquirir um maior conhecimento além do seu cotidiano. Líder comunitário do Assentamento Tapera, acredita que a formação pode ajudá-lo também a fazer críticas mais construtivas na busca por melhorias do local onde mora.

“Entendo que a educação é um instrumento de ajuda para novas conquistas no campo. Perto de concluir o curso, pretendo elaborar um projeto amplo de planejamento comunitário para o assentamento onde moro e que conta com mais de 40 famílias”, disse Custódio. “Vou transformar o que aprendi em ações de cidadania e de melhoria para a área rural”, finalizou.

MOBILIZAÇÃO

Aos 24 anos, Gislaine Nogueira de Paula se prepara para a conclusão do curso, com o qual já consegue atuar na Educação Infantil no assentamento Dois de Junho, no município de Olhos D’Água, Norte de Minas. “É muito gratificante saber que o conhecimento que adquiri está melhorando não só a minha vida, mas também as de meus companheiros de assentamento”. A jovem se tornou uma forte articuladora da comunidade. Em um de seus projetos, conseguiu que a prefeitura construísse uma ponte para atender ao assentamento.

“O local precisava do benefício. Reunimos a comunidade para fazer o pedido ao prefeito, que repassou os materiais. A mão-de-obra foi do próprio assentamento. A ponte está em fase final de construção e logo facilitará a vida das inúmeras famílias da comunidade”, disse a aluna. Após a conclusão Magicampo, espera concluir um curso regular e, logo em seguida, se tornar especialista em educação no campo.

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