A comunidade de Júlia Mulata, no município de Luislândia, foi o terceiro local visitado por professores e acadêmicos da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) na coleta de dados para a pesquisa sobre o atendimento em saúde primária para a população quilombola do Norte de Minas. As ações foram desenvolvidas no último dia 18 (sábado), com entrevista às 30 famílias descendentes de escravos que residem no local.

Questões relacionadas ao alto índice de natalidade, deficiências nos serviços sanitários, parasitoses e doença de Chagas foram apontadas como os problemas mais comuns para a população. A maior parte dos habitantes é formada por crianças e jovens, com média de dez pessoas por domicílio.

“As realidades entre as comunidades quilombolas do Norte de Minas são bastante parecidas”, explica o professor Amaro Sérgio Marques, um dos coordenadores do grupo de pesquisa de Saúde da População Negra e Quilombola. Desde o início dos estudos, há um ano, também foram visitadas as comunidades de Buriti do Meio e Bom Jardim do Prata, no município de São Francisco.

Segundo ele, praticamente todas as famílias em Júlia Mulata encontram-se em situação de risco nutricional, com casos consideráveis de desnutrição. “Este é mais um exemplo da necessidade de reformulação das políticas públicas de atendimento às carências que essas comunidades têm na área da saúde”.

DESDOBRAMENTOS

Formado por antropólogos, enfermeiros, médicos e odontólogos, além de acadêmicos do curso de Medicina, o grupo de pesquisa tem o caráter voluntário. O objetivo principal é de constatar as condições de saúde de cada comunidade visitada e, ao mesmo tempo, detectar se a assistência oferecida pelas equipes do Programa em Saúde da Família (PSF) está em conformidade com as orientações do Ministério da Saúde.

A fase atual é de elaboração de artigos científicos. Sob o título “Atenção Primária e Saúde Materno-Infantil em Comunidades Quilombolas do Norte de Minas” o estudo é o primeiro do gênero em desenvolvimento pela equipe. A partir da coleta de dados serão inseridas novas linhas de pesquisa.

Mesmo com a pesquisa em andamento, a Unimontes já trabalha na orientação dos gestores municipais para maior atenção aos serviços de saúde dispensados às comunidades quilombolas. No dia 1º de julho, os pesquisadores Antonio Prates, Amaro Marques, Cláudia Danyella Alves Leão e Daniel Antunes Freitas estarão entre as palestrantes da 1ª Conferência “Acolhimento e Acesso ao Sistemas Único de Saúde (SUS)”, em São Francisco.

Já nos dias 27 e 28 de outubro, a Unimontes sediará o 2º Seminário de Estudos sobre a Saúde da População Negra e Quilombola.

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