Com a participação de mais de 220 pessoas, eventos prosseguem até a sexta-feira

“Você se inspira nos trabalhos dos próprios alunos e dos professores, porque tudo aqui é mais amplo que a nossa realidade. Aliás, é justamente isto que o curso propõe: ampliar visões”. O depoimento de Felipe de Brito, acadêmico do 2º período do campus Pirapora (Norte de Minas), resume bem o objetivo do XII Encontro Regional de Geografia (ERG), evento organizado pela Universidade Estadual de Montes Claros e aberto na noite dessa terça-feira (1º/10). O tema geral é “Pensar e Fazer a Geografia Regional na Contemporaneidade”.

Acadêmico Felipe de Brito, do 2º período de Geografia, campus Pirapora

A programação, que acontece paralelamente ao VI Colóquio Cidade e Região, vai até a próxima sexta-feira (4/10), com palestras, mesas redondas, minicursos, oficinas e apresentação de trabalhos científicos de mestrandos e graduandos, em salas, laboratórios e auditórios dos prédios 1, 2 e 6, campus-sede.

Felipe tem 20 anos e, quando terminar a Licenciatura, faz planos de se pós-graduar no ensino da Geografia para pessoas com necessidades especiais. Encontrou nos dois eventos a oportunidade de visitar o campus-sede pela primeira vez, assim como a maioria dos alunos que vieram de Pirapora. “A gente espera que esta integração seja ainda maior ao longo do curso, já que a estrutura de laboratórios e de estudos, assim como em eventos como estes, pode nos atender também”, completou.

CONCEITOS

Professor doutor na Universidade de Brasília (UnB), João Mendes da Rocha Neto fez a conferência de abertura sobre o tema central e destacou que o grande desafio para a Geografia está em definir o conceito de região. “Na graduação, a gente vê uma longa trajetória na evolução do conceito, entre paradigmas e escolas geográficas, sempre com muitas perspectivas e muitos olhares. Mas há um desconforto por não existir uma definição única”.

João Mendes Neto, do Ministério do Desenvolvimento Regional, fez a conferência de abertura do Colóquio e do Encontro Regiomal (Fotos: Christiano Jilvan)

Diretor do Departamento de Desenvolvimento Regional e Urbano (DDRU), do Ministério do Desenvolvimento Regional, João Mendes justifica estas inquietações sobre a busca permanente por conceitos. Cita como parâmetros a interpretação do espaço e como ele se operacionaliza, a região como escala, expressão da vida, de pertencimento, domínio de um determinado espaço pelos indivíduos, incidência de fenômenos e fatos.

“Há uma porção de recortes e as pessoas desejam uma atuação única, uma lógica entre a política pública e recurso didático”, acrescenta, ao destacar que os cientistas buscam levar para a cadeira do gestor o pensamento do geógrafo e que, muitas vezes, este pensamento não consegue ser recepcionado pela política pública. “A política pública gera um espaço de debates, mas chega o momento em que o arbítrio do Estado tem que atuar”, descreveu Mendes, ao falar sobre as permanentes polêmicas.

CASO SEMIÁRIDO

Professor Ricardo Palhares preside a comissão organizadora do Encontro Regional

Mendes foi secretário executivo do projeto federal de expansão do semiárido, em meados da década passada. O grupo técnico constituído por três ministérios trabalhou por um ano e nem mesmo os parâmetros pluviométricos estabelecidos pela Organização Mundial de Meteorologia foram suficientes para definir qual seria a área oficial de abrangência do semiárido.

“Dentre os indicadores, o limite de até 800 milímetros anuais de chuva, com a base de dados de três décadas, mas ao invés de incluir novos municípios, eliminaria outros 300. Foi preciso buscar uma solução técnica entre gestores e geógrafos com mais dois indicadores – risco de seca e índice de aridez – para concluir os trabalhos e, assim, outros 102 municípios – sendo 85 de Minas Gerais –, foram incluídos legalmente no semiárido”, disse, ao citar um exemplo de unidade entre os setores.

Professores Gustavo Cepolini e Ana Ivânia na mensagem de boas vindas aos participantes

CAMINHADA – Professor Ricardo Henrique Palhares, coordenador geral do XII ERG, deu as boas vindas aos participantes e destacou o momento de se aproximar pesquisadores e alunos da graduação e pós-graduação, especialmente quando a Geografia passa por uma série de mudança em seus conceitos.

Para a chefe do Departamento de Geociências, professora Ana Ivânia Alves Fonseca, a divulgação das produções científicas reforçam a qualidade dos estudos e pesquisas produzidos pela Unimontes. Em nome dos demais docentes, o professor Gustavo Cepolini, coordenador do curso de bacharelado em Geografia, considerou o Encontro e o Colóquio como “uma caminhada histórica na evolução dos cursos no âmbito institucional”.

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