![](https://unimontes.br/wp-content/uploads/2019/10/Público.jpg)
“Você se inspira nos trabalhos dos próprios alunos e dos professores, porque tudo aqui é mais amplo que a nossa realidade. Aliás, é justamente isto que o curso propõe: ampliar visões”. O depoimento de Felipe de Brito, acadêmico do 2º período do campus Pirapora (Norte de Minas), resume bem o objetivo do XII Encontro Regional de Geografia (ERG), evento organizado pela Universidade Estadual de Montes Claros e aberto na noite dessa terça-feira (1º/10). O tema geral é “Pensar e Fazer a Geografia Regional na Contemporaneidade”.
![](https://unimontes.br/wp-content/uploads/2019/10/Felipe_Brito.jpg)
A programação, que acontece paralelamente ao VI Colóquio Cidade e Região, vai até a próxima sexta-feira (4/10), com palestras, mesas redondas, minicursos, oficinas e apresentação de trabalhos científicos de mestrandos e graduandos, em salas, laboratórios e auditórios dos prédios 1, 2 e 6, campus-sede.
Felipe tem 20 anos e, quando terminar a Licenciatura, faz planos de se pós-graduar no ensino da Geografia para pessoas com necessidades especiais. Encontrou nos dois eventos a oportunidade de visitar o campus-sede pela primeira vez, assim como a maioria dos alunos que vieram de Pirapora. “A gente espera que esta integração seja ainda maior ao longo do curso, já que a estrutura de laboratórios e de estudos, assim como em eventos como estes, pode nos atender também”, completou.
CONCEITOS
Professor doutor na Universidade de Brasília (UnB), João Mendes da Rocha Neto fez a conferência de abertura sobre o tema central e destacou que o grande desafio para a Geografia está em definir o conceito de região. “Na graduação, a gente vê uma longa trajetória na evolução do conceito, entre paradigmas e escolas geográficas, sempre com muitas perspectivas e muitos olhares. Mas há um desconforto por não existir uma definição única”.
![](https://unimontes.br/wp-content/uploads/2019/10/João_Mendes_Neto.jpg)
Diretor do Departamento de Desenvolvimento Regional e Urbano (DDRU), do Ministério do Desenvolvimento Regional, João Mendes justifica estas inquietações sobre a busca permanente por conceitos. Cita como parâmetros a interpretação do espaço e como ele se operacionaliza, a região como escala, expressão da vida, de pertencimento, domínio de um determinado espaço pelos indivíduos, incidência de fenômenos e fatos.
“Há uma porção de recortes e as pessoas desejam uma atuação única, uma lógica entre a política pública e recurso didático”, acrescenta, ao destacar que os cientistas buscam levar para a cadeira do gestor o pensamento do geógrafo e que, muitas vezes, este pensamento não consegue ser recepcionado pela política pública. “A política pública gera um espaço de debates, mas chega o momento em que o arbítrio do Estado tem que atuar”, descreveu Mendes, ao falar sobre as permanentes polêmicas.
CASO SEMIÁRIDO
![](https://unimontes.br/wp-content/uploads/2019/10/RPalhares.jpg)
Mendes foi secretário executivo do projeto federal de expansão do semiárido, em meados da década passada. O grupo técnico constituído por três ministérios trabalhou por um ano e nem mesmo os parâmetros pluviométricos estabelecidos pela Organização Mundial de Meteorologia foram suficientes para definir qual seria a área oficial de abrangência do semiárido.
“Dentre os indicadores, o limite de até 800 milímetros anuais de chuva, com a base de dados de três décadas, mas ao invés de incluir novos municípios, eliminaria outros 300. Foi preciso buscar uma solução técnica entre gestores e geógrafos com mais dois indicadores – risco de seca e índice de aridez – para concluir os trabalhos e, assim, outros 102 municípios – sendo 85 de Minas Gerais –, foram incluídos legalmente no semiárido”, disse, ao citar um exemplo de unidade entre os setores.
![](https://unimontes.br/wp-content/uploads/2019/10/Cepolini_AnaIvania.jpg)
CAMINHADA – Professor Ricardo Henrique Palhares, coordenador geral do XII ERG, deu as boas vindas aos participantes e destacou o momento de se aproximar pesquisadores e alunos da graduação e pós-graduação, especialmente quando a Geografia passa por uma série de mudança em seus conceitos.
Para a chefe do Departamento de Geociências, professora Ana Ivânia Alves Fonseca, a divulgação das produções científicas reforçam a qualidade dos estudos e pesquisas produzidos pela Unimontes. Em nome dos demais docentes, o professor Gustavo Cepolini, coordenador do curso de bacharelado em Geografia, considerou o Encontro e o Colóquio como “uma caminhada histórica na evolução dos cursos no âmbito institucional”.