A importância da família para educar gerações foi o primeiro legado que Antonio Cândido fez questão de reverenciar. Foi com os pais, numa pequena cidade do Sul de Minas, que foi letrado e influenciado a ler; os passos iniciais de quem se tornaria um dos principais intelectuais brasileiros do Século XX como professor, filósofo, sociólogo,crítico e ensaísta.
A narrativa é da professora Marina de Mello e Souza, convidada pela Unimontes para o XI Seminário Nacional de Pesquisa em Literatura e Criação Literária. Docente da USP e escritora, ela é a mais nova das três filhas de Antônio Cândido e participou da conferência sobre o autor nessa quinta-feira (28/11), segundo dia de programação. A mediação foi da professora Ivana Ferrante Rebello, do mestrado em Estudos Literários da Unimontes.
O evento é uma homenagem póstuma ao próprio crítico, ainda alusiva ao seu centenário de nascimento, comemorado em 2018. A professora Ana Márcia Alves Siqueira, da Universidade Federal do Ceará (UFC), especialista na obra de Antônio Cândido, é outra convidada de destaque para o evento. As atividades terminam nesta sexta-feira (29/11).
Numa época em que as escolas ainda eram raras, Cândido foi educado em casa pelos pais até se mudar para Poços de Caldas, onde deu sequência aos estudos no banco escolar. No início da adolescência, por força do trabalho do pai, acompanhou a família e residiu na França por um ano. As descobertas dos museus, bibliotecas e escolas em Paris, especialmente da Filosofia, ajudaria nas escolhas profissionais mais tarde.
“Por pouco, a cultura brasileira não o perdeu para Medicina. Por determinação do meu avô, ele fez o vestibular de Medicina, mas nos dizia que “por sorte” foi reprovado e depois pediu “autorização” para fazer a faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, que estava surgindo à época”, disse a pesquisadora.
Marina fez a apresentação da biografia do pai para o público formado por professores, acadêmicos e mestrandos. Mencionou detalhes da vida pessoal entre a então Santa Rita de Cássia, atual Cássia e depois Poços de Caldas, Paris, Campinas e São Paulo até o início dos estudos universitários e a atuação como crítico e ensaísta, especialmente entre os anos de 1940 e 1960, quando suas obras – Formação da Literatura Brasileira e Os Parceiros do Rio Bonito –impressionaram o país e o mundo como um novo pensamento sociológico e literário brasileiro.
LIVRO
Antes da conferência, o professor Antônio Wagner Rocha fez a apresentação do seu livro “Os Dias Partidos”, que reúne textos inspirados em atos de resistência na literatura, política e na cultura. “A literatura deve ser tão respeitada como os Direitos Humanos”, resumiu.