O 11º Fórum de Ensino, Pesquisa, Extensão e Gestão (Fepeg), iniciado nesta quarta-feira (8/11), na Universidade Estadual de Montes Claros, conta com 1.279 trabalhos de pesquisa aprovados para apresentações – após o processo de submissão. No total, foram 2,3 mil inscritos. Conforme o cronograma, a apresentação dos trabalhos em pôsteres se estenderá pelos três primeiros dias do evento, na quadra 2 do Centro Esportivo Universitário “Reitor João Valle Maurício”. O Fórum prossegue até sábado (11/11).
A professora Sônia Ribeiro é coordenadora de Iniciação Científica da Pró-Reitoria de Pesquisa da Unimontes e destaca que, além do número expressivo de inscritos, os trabalhos se destacam pela qualidade e pela diversidade de temas abordados. “Houve abordagens sobre questões sociais da atualidade, de grande interesse da população”, afirma a coordenadora.
Na manhã desta quarta-feira, foram apresentados os trabalhos em pôsteres da área de pesquisa para os cursos das áreas de Ciências Sociais Aplicadas – Administração, Economia, Ciências Contábeis, Direito e Ciências Sociais. O vice-reitor da Unimontes, professor Antonio Alvimar Souza, acompanhou a exibição dos painéis. Também foram mostradas produções de alunos do ensino fundamental, inseridos na pesquisa por intermédio do Programa de Bolsas de Iniciação Científica (BIC-Júnior), da Unimontes.
Confira
Uma das pesquisas apresentadas nesta quarta revela o aumento de áreas geográficas com maior ocorrência de crimes violentos – os chamados “clusters espaciais”. O estudo “Análise Espacial da Criminalidade em Minas Gerais: um Estudo da Formação de Clusters Espaciais” foi desenvolvido Paulo Ricardo Prates, que concluiu o curso de graduação em Economia na Unimontes. O trabalho científico teve como orientadoras as professoras Tânia Marta Maia Fialho e Luciana Maria Costa Cordeiro.
No estudo, foi feita uma comparação entre os anos 2000 e 2014 com análise das áreas geográficas do Estado com maiores ocorrências dos crimes violentos – homicídio, tentativa de homicídio, estupro, roubo e assalto à mão armada. Paulo Ricardo Prates destaca no ano 2000 foram identificados os “cluters espaciais” no Triângulo Mineiro (municípios de Santa Juliana e Nova Ponte), Noroeste (João Pinheiro) e na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Já em 2014, além do Triângulo, da Região Metropolitana e do Noroeste, foram verificadas áreas com maiores incidências de crimes violento também no Norte de Minas e no Alto Paranaíba.
“Bullying Escolar: análise da violência nas escolas de Montes Claros” é o título do estudo apresentado no 11º Fepeg por Maria Eduarda Oliveira Braga, aluna do primeiro ano do ensino médio, bolsista do BIC-Júnior. Ela é estudante da Escola Estadual Professor Plínio Ribeiro (Escola Normal), onde desenvolve a pesquisa.
“A conclusão da pesquisa é que o bullying na escola atinge não somente a vítima, o que compromete seu rendimento escolar, mas também a sua família. Esse tipo de violência pode gerar conseqüências mais graves, incluindo até o suicídio”, afirma Maria Eduarda, que pesquisou sobre as diversas formas de bullying por meio de questionários aplicados no ambiente escolar.
O estudo teve como orientadora a professora Maria ngela Figueiredo Braga, diretora do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA). O levantamento faz parte de projeto do Grupo de Estudos e Pesquisas em Metodologia, Violência, Criminalidade e Segurança Pública da Unimontes, coordenado pela própria professora.
FALTA D’ÁGUA
A escassez hídrica agravada pela seca foi outro assunto de estudo apresentado no evento. O trabalho “A Crise de Abastecimento de Água na Cidade de Montes Claros” foi elaborado pelas acadêmicas Michele Alves de Araújo, Carla Milena de Moura Laurentino e Maria Heloísa Pinheiro Dias, do curso de Geografia, com orientação da professora Marina de Fátima Brandão Carneiro.
As alunas da Unimontes pesquisaram sobre as principais dificuldades enfrentadas pela população de Montes Claros diante da falta d´água agravada pelas sucessivas secas dos últimos quatro anos no Norte de Minas. “Observamos que, com o racionamento, no Bairro Village do Lago II (área carente), os moradores ficam até sete dias sem receber água em casa. Nos bairros Ibituruna e São José (classe média/alta), o desabastecimento dura de um a dois dias”, informa a acadêmica Michele.
GOIÁS
O 11º Fórum de Ensino, Pesquisa, Extensão e Gestão da Unimontes também atraiu estudantes de outras instituições de ensino superior e de outros estados. Mestrando em Ciências da Religião, na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Goiás, o professor Hildo Aniceto Pereira apresentou a pesquisa “Expansão do Pentecostalismo no Brasil: Análise da Diversidade e da Intolerância Religiosa”. O mestrado interinstitucional em Ciências da Religião é resultante de parceria da PUC-GO com a Faculdade Serra da Mesa (Fasem).
O autor lembra que ocorreu no Brasil uma redução do percentual de católicos – de 74% em 2000 para 64% em 2010, segundo o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ele destaca que o fato é conseqüência do trabalho de divulgação dos líderes das igrejas evangélicas. “Os pastores das igrejas evangélicas viraram empreendedores religiosos. Eles recorrem à inovação e ao marketing para divulgação de suas religiões”, enfatiza Hildo Aniceto. Ele mora em Goiânia, mas é natural de Manga (Norte de Minas) e revela que sempre acompanha as atividades e eventos da Unimontes.