Estudos inéditos, desenvolvidos pelo egresso do curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Rafael Arcanjo de Oliveira Filho, resultaram em parâmetros para a equação de chuvas intensas no município de Montes Claros. A equação pode ser utilizada em projetos de Engenharia que demandam dados hidrológicos como obras de drenagens, geração de energia e abastecimento para a população. Pode servir, ainda, como referência para determinar levantamento de materiais a serem utilizados, de forma que garanta a maior durabilidade em obras, sendo que os cálculos interferem diretamente nos custos das construções.
Rafael Arcanjo realizou os estudos durante um ano, ao elaborar o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Engenharia Civil, no qual foi graduado em outubro último, e teve como orientadores os professores Expedito José Ferreira e Antônio Carlos Câmara Júnior.
QUATRO DÉCADAS
Ele ajustou parâmetros “específicos para Montes Claros” através do Método de Gumbel (método estatístico utilizado para interpretar variáveis hidrológicas). Para isso, fez uma análise das quantidades máximas de chuvas diárias anuais, do município, registradas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) disponibilizados no Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa (BDMEP), durante 44 anos, entre dois de janeiro de 1961 e 31 de dezembro de 2016. “Identificamos os dias com os maiores registros de precipitação em cada um destes anos”.
Conforme explicam os orientadores, o trabalho do ex-acadêmico da Unimontes “estabelece as relações existentes entre as grandezas de intensidade, duração e frequência de chuvas, através da determinação de parâmetros da Equação de Chuvas Intensas pelo Método de Gumbel, para Montes Claros, e compara, ainda, os parâmetros obtidos com os ajustados pelo Método Interpolador”, disponibilizado no software (Plúvio 2.1) e atualmente muito utilizado no município.
Eles também ressaltam que “a motivação para a realização do trabalho deve-se ao fato da grande oscilação e instabilidade climática em Montes Claros, com grandes variações espaciais e temporais das precipitações pluviométricas”. Outro aspecto é que, até então, não existiam estudos no município feito com o objetivo de ajustar parâmetros de equações de chuvas, possibilitando, desta feita, o desenvolvimento de projetos hídricos e hidráulicos com maior eficiência e segurança.
Rafael Arcanjo lembra que, a partir dos dados reunidos, ele elaborou a equação para dimensionamento de obras hídricas e hidráulicas em situações extremas do quantitativo de água. “Em resumo, a equação é específica para atender os projetos com a particularidade de considerar os limites extremos de água com base nos registros históricos de Montes Claros. Independente do volume de água precipitada, as obras projetadas para tais fins devem resistir aos impactos, sem alagamentos ou comprometimentos”.
Ao avaliar o TCC, a banca examinadora, constituída pelos professores Guilherme Guimarães e Renan Laughton, destacou a qualidade do trabalho, que “ultrapassou os limites da graduação, configurando-se como uma excelente linha de pesquisa para um futuro mestrado”.
Por sua vez, Rafael Arcanjo ressalta que os dados dos estudos serão colocados à disposição dos profissionais da Engenharia e que o trabalho também será encaminhado para a publicação em revistas nacionais e internacionais.
