Nos últimos dois anos, Montes Claros sofreu os efeitos da crise econômica nacional e teve um saldo negativo entre as admissões e demissões no mercado formal de trabalho. Também houve uma redução da movimentação de trabalhadores – tanto de contratações como de dispensas. Os dados são de um estudo realizado pelo Departamento de Administração da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), com base nas informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

A pesquisa foi desenvolvida pelo Observatório do Trabalho do Norte de Minas (OTNM), vinculado ao Grupo de Estudos de Pesquisas em Administração (Gepad), da Unimontes. Realizado pelo professor Rogério Martins Furtado de Souza, o estudo foi coordenado pelo professor Roney Versiani Sindeaux.

De acordo com o levantamento, o saldo entre as contratações e demissões em 2016 teve uma queda de 2,1% em relação a 2015, com a perda de 1.910 postos de trabalho. Em dezembro de 2015, Montes Claros contava com 89.941 trabalhadores com carteira assinada, número que caiu para 88.061 em dezembro de 2016.

A pesquisa também revela uma queda de 0,9% no mercado de trabalho do município entre dezembro de 2014 (90.797) e dezembro de 2015 (89.941), com 856 empregos a menos. O professor Rogério Furtado de Souza ressalta que desde meados de 2015 vem diminuindo o volume de admissões e também desligamentos na cidade.

CENÁRIO NACIONAL

O pesquisador destaca  que a queda de empregos formais não se verifica apenas em Montes Claros, que é afetada pela crise econômica nacional. Ele lembra que os números demonstram o “desaquecimento” geral da economia, mostrando o processo de enxugamento por parte das empresas. “Diante do mercado recessivo, a movimentação tanto de admissões como de demissões caiu. Isso revela que as empresas eliminaram toda a “gordura” existente e por isso, agora, estão demitindo muito menos”, comenta Rogério Furtado.

“A análise dos dados permite evidenciar que os efeitos da crise econômica que assola o país são sentidos pelo mercado de trabalho local e que as perspectivas de início da recuperação que se apresentavam em setembro ou outubro ano passado não se confirmaram nos meses seguintes”, analisa o professor e pesquisador.

DEZEMBRO DE 2016: PIOR RESULTADO EM 4 ANOS

Rogério FurtadoSegundo o estudo, durante o mês de dezembro de 2016, houve o fechamento de 557 postos de trabalho no mercado formal de Montes Claros. “Foi o pior resultado do ano e também o pior para o mês de dezembro nos últimos quatro anos”, afirma Furtado.

Em dezembro do ano passado foram admitidos 1.862 trabalhadores em Montes Claros. Por outro lado, foram registrados 2.419 desligamentos na cidade. Conforme Rogério, das pessoas admitidas, 53% são do sexo masculino e 47% do sexo feminino. Entre desligados dos postos de trabalho na cidade em dezembro, 55,6% são do sexo masculino e 44,4% do sexo feminino.

“Cabe destacar que a participação dos homens no total de trabalhadores do mercado formal local  nos últimos anos vem se situando em torno de 55%, de modo que os percentuais observados aparentam ser coerentes com tal dimensão”, analisa. Ele ressalta a importância dos estudos desenvolvidos pelo Observatório do Trabalho do Norte de Minas, que vai divulgar boletins mensais sobre o mercado de trabalho formal de Montes Claros, servindo como uma importante ferramenta de acompanhamento da geração empregos.

Quanto aos novos postos, em dezembro de 2016, o perfil do trabalhador que obteve o melhor resultado na relação entre admissões e desligamentos foi constituído por homens entre 18 e 24 anos, com ensino médio completo, contratados, principalmente, por microempresas do comércio, com rendimento salarial entre 1,01 e 1,5 salário mínimo.

FAIXA SALARIAL DOS DEMITIDOS

Por outro lado, revela o levantamento da Unimontes, o perfil com maiores perdas de postos de trabalho foi composto por mulheres entre 30 e 39 anos e homens entre 25 e 29 anos, com ensino médio completo (no caso dos homens) e com ensino superior completo (no caso das mulheres). A maior parte das demissões foi feita por empresas de porte médio do setor de serviços. A maioria dos trabalhadores demitidos recebia entre 0,5 e 1,5 salário mínimo e 72% deles tinham menos de dois anos de contrato de trabalho.

“Percebe-se que as empresas, quando contratam, vêm optando por trabalhadores mais jovens (entre 18 e 24 anos), com melhor escolaridade, dispostos a receber até 1,5 salário mínimo Entretanto, mesmo diante de tal cenário, a faixa de renda entre sete e 15 salários mínimos manteve-se ativa, com a abertura de novos postos de trabalho”, analisa o professor do departamento de Administração da Unimontes. Ele também ressalta que microempresas (com até quatro trabalhadores) e as empresas de grande porte tiveram participação importante na geração de empregos formais em Montes Claros ao longo do ano de 2016, amenizando a perda dos postos de trabalho.

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