O pesquisador Carlos Alberto de Carvalho Fraga, matriculado no Doutorado em Ciências da Saúde da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), embarcou nesta segunda-feira (13/8) para a Alemanha, onde desenvolverá estudos no Max Delbruck Center For Molecular Medicine, sediado em Berlim, um dos maiores institutos de pesquisa do mundo. Ele é o primeiro aluno da Unimontes selecionado para o recebimento de uma bolsa do Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) dentro Programa Institucional de Bolsas de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE).

Carlos Alberto realiza pesquisa ligada ao tratamento do câncer e que identifica mecanismos biológicos relacionados com o desenvolvimento de tumores malignos. O pesquisador, que tem 25 anos e nasceu em Bocaiúva (a 54 quilômetros de Montes Claros), graduou-se em Ciências Biológicas pela Unimontes em 2009. Em 2011, concluiu o Mestrado em Ciências da Saúde e iniciou o doutorado na mesma área.

Para ser contemplado pelo Programa Institucional de Bolsas de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE), o doutorando da Unimontes concorreu em edital do CNPq divulgado em nível nacional. Conforme os critérios do programa, Carlos Alberto vai continuar seu estudo durante um ano no Max Delbruck Center (MDC), que desenvolve pesquisas voltadas para a prevenção, o diagnóstico e tratamento de diversas doenças. O Instituto ocupa a 14ª posição em ranking da Agência Reuters, que listou os 20 melhores lugares de pesquisa sobre biologia molecular e genética do planeta.

O doutorando em Ciência da Saúde tem como orientador na Unimontes o professor André Luiz Sena Guimarães. No MDC, em Berlim, o seu orientador será o professor doutor Michael Bader. Ele também tem como co-orientadores os professores Alfredo Maurício Batista de Paula (Unimontes) e Sérgio Henrique Souza Santos, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Carlos Alberto e professor André LuizDurante o período de estudos na Alemanha, Carlos Alberto vai morar nas instalações do próprio MCD, em Berlim. Ele receberá do CNPq uma bolsa mensal de 1,3 mil euros, auxílio-moradia e seguro-saúde. Ao retornar para o Brasil, terá mais seis meses de estudo antes de defender a tese para a conclusão do doutorado.

“Nosso propósito, ao chegar a Berlim, é detalhar o projeto com o professor doutor Michael Bader e verificar as formas de execução da pesquisa que propõe testar um novo alvo terapêutico para o tratamento dos tumores sólidos, que são os tumores como os do câncer de cabeça. Serão feitos testes do uso de um composto específico com a capacidade para redução do tamanho dos tumores e diminuição da metástase”, revela o pesquisador.

Ao embarcar no aeroporto de Montes Claros, no início da tarde desta segunda-feira, Carlos Alberto de Carvalho Fraga viveu a emoção da família que veio de Bocaiúva: a mãe Rosália de Carvalho Fraga, a irmã Karine e o sobrinho Luiz Felipe. Além de agradecer o apoio da família e do orientador André Luiz Sena Guimarães (que também compareceu ao aeroporto), o doutorando destacou o suporte que recebeu da Unimontes. “Sinto-me muito feliz de ser o primeiro aluno da Universidade Estadual de Montes Claros a receber a bolsa do CNPq para o estudo no exterior. Mas também tenho muito a agradecer a universidade e a todos que me ajudaram”, afirmou Carlos Alberto.

O ESTUDO

A pesquisa realizada pelo doutorando tem como denominação “Estudo do Efeito da internalização da Proteína Ang-(1-7) e seu receptor MAS na expressão do gene hif-1 α”. “Estudamos mecanismos envolvidos no carcinoma epidermóide de cavidade bucal, especialmente aqueles relacionados à patogenia da doença. É de interesse principal as ações da proteína HIF-1 α, chave reguladora das respostas locais e sistêmicas à hipóxia que ocorrem durante os processos normais e patofisiológicos e, portanto, com grande potencial terapêutico”, explica Carlos Alberto.

O pesquisador descreve ainda, que, “recentemente, nosso grupo demonstrou que em resposta a fatores secretados pelo tumor primário, HIF1-α é aumentado em linfonodos não metastáticos. As células expressando HIF1-α alteram o microambiente, auxiliando no estabelecimento de metástases. Diferentemente, Ang-(1-7) inibe a proliferação de células endoteliais, reduzindo a proliferação de células tumorais, a densidade microvascular, associando-se, ainda, com a redução de fatores de crescimento, tais como VEGF e PlGF”.

Por fim, explica Carlos Alberto: “o estudo do efeito da internalização da proteína Ang-(1-7)/ receptor Mas na expressão do gene HIF-1 α pode revelar achados importantes para o comportamento clínico e biológico da doença. Este estudo favorecerá um melhor entendimento de eventos moleculares específicos associados à hipóxia, angiogênese e à ocorrência de metástases linfonodais. Ainda, a realização deste estudo pode possibilitar a identificação de novos alvos para pesquisa terapêutica”.

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