– De 1980 a 2013 foram assassinadas 106.096 mulheres no País; quase 30% de casos domésticos –

Os direitos, a busca pela igualdade e o enfrentamento do preconceito e da violência contra as mulheres foram amplamente discutidos na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), na manhã desta quarta-feira (8 de março). Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, foi realizado um encontro da comunidade acadêmica sob o tema “Nenhum direito a menos, nem UMA a menos”, coordenado pela Pró-Reitoria de Extensão, no auditório do prédio 6, do campus-sede. O assassinato de mulheres no Brasil foi um dos assuntos mais comentados.

Entre 1980 e 2013, foram assassinadas 106.096 mulheres no Brasil, de acordo com o Mapa da Violência 2015, da Secretaria Especial de Política para Mulheres, da Presidência da República. Ainda conforme os dados, 27% das mulheres assassinadas foram vítimas de violência dentro da própria casa. Ao apresentar estes índices durante o encontro na Unimontes, a professora Cláudia de Jesus Maia (do Departamento de História), destacou que “morrem mais mulheres vítimas de violência no Brasil do que em muitos países envolvidos em guerras civis”.

TRISTE REALIDADE

Ela lembrou que o Brasil está em quinto lugar nas estatísticas mundiais de assassinatos de mulheres, ficando atrás de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia. Além disso, pesquisa do Instituto “Patrícia Galvão”, que produz dados e conteúdos sobre os direitos das brasileiras, revela que a cada 90 minutos, uma mulher é morta no País.

A professora Cláudia Maia salienta que o crescimento dos casos de feminicídios revela o aumento de certo ódio contra as mulheres. “Acredito que este ódio tem relação com a visibilidade que as mulheres conquistaram na sociedade. As mulheres ocupam mais espaço e estão exercendo mais funções. Por outro lado, existe também uma reação contra essa visibilidade e contra as conquistas”, afirmou.

Por outro lado, a professora do departamento de História da Unimontes ressaltou que levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revela que, por conta da Lei Maria da Penha, entre 2000 e 2011, houve uma redução de 10% das mortes de mulheres no País motivadas por questão de gênero. “Sabemos que a lei não é suficiente para interromper esta guerra não declarada contra as mulheres, mas ela é importante para denunciá-la e torná-la visível”, observou a professora Cláudia Maia.

Encontro Mulheres2017

Ela ressaltou ainda que entrou em vigor 13.104/2015, a Lei do Feminicídio, pela qual o assassinato de mulheres tornou-se um crime qualificado. “Mas é preciso que a aplicação das políticas públicas se efetive para garantir os direitos e a situação de igualdade das mulheres”, enfatizou.

A mesa redonda contou ainda com a participação das professoras Bárbara Souto e Ivete Almeida, do departamento de História; Luciene Rodrigues, do Departamento de Ciências Econômicas; e Isabel Brito, do Departamento de Ciências Sociais, além das professoras Leonara Lacerda, pós-doutoranda em Ensino de História, e a professora Marilene -Leninha – de Souza, do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA).

A professora Isabel Brito ressaltou a atuação das mulheres em movimentos ecológicos e pesquisas científicas e ambientais. A professora Leonara Lacerda abordou as relações gênero no ambiente escolar enquanto a professora Ivete Almeida falou sobre a situação das mulheres negras. A atuação da mulher nas atividades socioeconômicas foi o assunto analisado pela professora Luciene Rodrigues.

Já a professora Marilene – Leninha – de  Souza chamou atenção para o espaço ocupado pelas mulheres na política e na vida econômica do País. “É necessário continuar a luta para que as mulheres possam conquistar espaços na sociedade”, disse a professora.

PARCERIAS

Além da Pró-Reitoria de Extensão, o evento temático “Nenhum direito a menos, nem UMA a menos”, contou com a parceria do Núcleo Interdisciplinar de Investigação Socioambiental (Niisa), Grupo de Pesquisa Gênero e Violência (GG) e do programa de Pós-Graduação Stricto sensu em História (PPGH). Na programação destaque também para o lançamento do grupo de estudos do Observatório Empoderamento do Feminino/Unimontes.

A programação do evento prevê para a noite desta quarta-feira atividades artísticas, a partir das 18h30, no hall do prédio 2 do campus-sede, com Oficina de Turbante, recitais de poesia, apresentação musical e mostra de artesanato. Haverá, também, intervenções políticas sobre a importância das lutas das mulheres e o respeito aos direitos humanos, com espaço para apresentar pôsteres e banners.

Além das atividades no campus-sede, a Unimontes será parceira na realização da “Marcha das Mulheres/2017”, que acontecerá no sábado (11/3), às 8h30, com concentração e saída da Praça Doutor João Chaves, em frente ao Automóvel Clube de Montes Claros. A participação será gratuita.

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