O Conselho Universitário da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) aprovou a concessão do título de “Doutor Honoris Causa” ao indigenista Egydio Schwade e ao documentarista Vicente Rios. Os dois títulos foram aprovados em reunião do Consu realizada pelo sistema virtual, presidida pela vice-reitora Ilva Ruas Abreu, na última quarta-feira (24/3). O título de Doutor Honoris Causa é a maior distinção concedida por uma universidade em todo o mundo.
A proposição das concessões dos dois títulos honoríficos foi apresentada pelo professor Gustavo Henrique Cepolini Ferreira, do Departamento de Geociências e do Programa de Pós-Graduação Stricto sensu em Geografia da Unimontes. A entrega das honrarias será marcada assim que forem retornadas às atividades presenciais na instituição, que continua com o trabalho remoto diante das medidas de distanciamento social neste período de pandemia do Novo Coronavírus (COVID-19).
Na proposta apresentada ao Conselho Universitário da Unimontes, Gustavo Cepolini enalteceu as trajetórias do indigenista Egydio Schwade (85 anos) e do documentarista Vicente Rios (66). “Ambos possuem legado plural à memória do Brasil”, destacou. O professor salientou que “ambos são portadores de um conhecimento e da luta em defesa dos povos com os quais trabalharam por muitas décadas nos rincões do País”. Lembrou ainda que o indigenista e o documentarista têm um grande legado em defesa dos povos da floresta e do Cerrado Brasileiro.
DEDICAÇÃO
Filósofo, teólogo e indigenista, Egydio Schwade é gaúcho da cidade de Feliz e tem 85 anos, a partir do início da década da 1960, passou a se dedicar às tribos indígenas da Amazônia. Em 1969, criou a Operação Amazônia Nativa (Opan). Em 1972, Egydio Schwade foi um dos fundadores do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ao lado, entre outros, do padre jesuíta Antônio Iasi Júnior, Dom Pedro Casaldáliga e Dom Tomás Balduíno; foi o primeiro secretário executivo da entidade. Em 1973, foi um dos redatores do documento “Y-Juca-Pirama – o Índio, aquele que deve morrer”, sobre a espoliação dos povos nativos, e que foi assinado por um grupo de bispos e missionários.
O documentarista Vicente Rios é goiano também dedicou-se ao resgate da história e da luta indígena. Durante vários anos, Rios trabalhou com o historiador e cineasta Adrian Cowell, que faleceu em 2011, aos 77 anos. De origem chinesa e inglês naturalizado, ele realizou uma série de registros cinematográficos e teve a expressiva colaboração de Vicente Rios. Ele atua também no Instituto de Pré-História e Antropologia da PUC-Goiás, com premiações internacionais como o Prêmio Chico Mendes e o Certificate of Merit, da Organização das Nações Unidas (ONU). A biografia de Cowell também foi objeto de estudo e artigo produzidos pelo professor Gustavo Henrique Cepolini.
Nascido em 1954, Vicente Rios atuou junto com o cineasta Adrian Cowell na produção da série “A Década da Destruição”. Realizada entre 1980 e 1990, a produção é composta de oito filmes, que revelam a ocupação desenfreada da região amazônica e o impacto decorrente desse processo, inclusive em relação às sociedades indígenas. Para se ter uma ideia da expressividade da produção conjunta de Rios e Cowell, são mais de 7 toneladas de materiais arquivados (latas de filmes 16 mm, fitas de áudio, documentos, diários de campo e fitas de vídeo).