A campanha de prevenção e tratamento do câncer de próstata deveria ser permanente, ao longo de todo o ano. Esta é uma das conclusões após a solenidade de lançamento da campanha “Novembro Azul”, realizada na noite dessa segunda-feira (13/11), no campus-sede da Unimontes. Dados divulgados em palestra do professor Evaldo Jenner, urologista do Hospital Universitário Clemente de Faria, mostram que, no Norte de Minas, a cada dez pacientes com diagnóstico de câncer de próstata, três estão com a doença já avançada.

A Universidade Estadual de Montes Claros trabalha em várias frentes no movimento “Novembro Azul”. A campanha desenvolvida junto ao Projeto Presente de Apoio ao Paciente com Câncer foi aberta nesta semana, com foco na conscientização, especialmente a partir do relato de experiências de profissionais da saúde e de pacientes que alcançaram a cura.

A solenidade de abertura foi presidida pelo reitor da Unimontes, professor João dos Reis Canela, e pelo vice-reitor, professor Antonio Alvimar Souza. “A Unimontes não tem compromisso apenas com o ensino, pesquisa e a extensão, mas, sobretudo, com a qualidade de vida da população regional a partir da medicina preventiva. O nosso papel é colaborar com as ações de prevenção e de diagnóstico”, afirmou o reitor.

Confira

Presidente da Associação Presente, oncologista Priscila Miranda Soares participou do evento e ressaltou que a Unimontes é uma parceira indispensável na luta contra o câncer. “A partir da Universidade temos a excelência no ensino, desenvolvimento de pesquisas e acesso aos profissionais que são nossos colaboradores nesta luta. Agradeço imensamente a sensibilidade do reitor e equipe por esta parceria tão importante”, destacou.

A médica lembrou que há sete anos o Projeto Presente realiza um mutirão em praça pública como forma de incentivar os exames preventivos ao câncer. Segundo Priscila Miranda, de 10.228 pessoas atendidas neste período, em Montes Claros, 86 foram diagnosticadas com o câncer de próstata e encaminhadas para tratamento.

Palestra Evaldo JenerPALESTRA

Durante a palestra, o urologista Evaldo Jener advertiu que, a cada 40 minutos, um homem morre vítima da doença e que um a cada seis homens têm o câncer de próstata. “Os dados são assustadores. Para nos preocuparmos ainda mais, ainda convivemos com muita resistência por parte dos homens que não procuram um médico, o que eleva o número de mortes e a demora no diagnóstico precoce”, alertou, ao enfatizar a necessidade do auxílio-médico, pois, no Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens – atrás do câncer de pele não-melanoma (segundo dados do INCA).

DEPOIMENTOS

Uma forma de sensibilizar os homens sobre a importância do diagnóstico foi por meio de depoimentos, com histórias reais de superação do câncer, como o administrador de empresas, Nicácio Pereira. “De forma muito honesta estou aqui para falar de algo que, se não fosse minha resistência [quanto ao exame] poderia ter sido diferente. Demorei a procurar um especialista e quando busquei já estava com a doença em nível crítico. Por isso, sou testemunha de que é imprescindível deixar de lado nossas resistências masculinas e cuidar da saúde”, disse.

Nicacio depoimentoNicácio Pereira foi diagnosticado com câncer de próstata em março de 2016 ainda está em tratamento, mas com resultados positivos e aos poucos está retomando a vida ao normal.

E Educador físico do Rio de Janeiro, Vinícius Zimbrão veio à abertura da campanha como convidado pela Associação Presente. Diagnosticado com câncer de testículo em 2014, ficou completamente impossibilitado de seguir a vida de atleta durante o tratamento. Para se manter conectado ao universo esportivo, lançou um desafio para os seguidores das redes sociais: que se dedicassem pelo meia hora às atividades físicas, por ele. A repercussão alcançou níveis nacionais, com uma mobilização significativa de pessoas de todas as idades.

“Eram quatro horas na unidade de saúde quando iniciei as sessões de quimioterapia, completamente parado. Daí, tive a ideia de pedir aos amigos para que se dedicassem às atividades físicas, por mim e por eles, como forma de acabar com o sedentarismo. Foi, também, uma forma de chamar a atenção para a doença”.

Segundo Vinícius, com a força que a ideia ganhou, nascia o “Desafio do Zimbrão”, que “se transformou em algo muito bacana com muitas pessoas que se solidarizam comigo”. De volta às atividades físicas de forma plena com o fim do tratamento, o atleta ministra palestras sobre a doença, relata sobre a experiência vivida e também inspira pessoas a se cuidarem melhor da saúde.

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