Nos dias 24 e 25 de julho, o grupo de pesquisa do Centro de Referência em Educação Popular com enfoque em Gênero e Relações Étnico-Raciais, da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), realizou uma visita técnica à Comunidade Quilombola Vila São João, no município de Berizal, no Norte de Minas. Esta foi a segunda visita técnica do grupo à comunidade quilombola.

O Centro de Referência em Educação Popular com enfoque em Gênero e Relações Étnico-Raciais tem como objetivo atender às demandas de ações, pesquisas e estudos no território mineiro, principalmente nas regiões Norte e Noroeste de Minas e nos vales do Jequitinhonha e Mucuri, área de abrangência da Unimontes.

O projeto, de caráter extensionista, articulado com a pesquisa e o ensino, visa realizar um levantamento das ações de educação popular existentes voltadas para as questões de gênero e relações étnico-raciais. A iniciativa envolve pesquisadores e estudantes do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG – unidades de Januária, Salinas e Diamantina), Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG – Campus São João Evangelista), Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Foto: divulgação.

A visita técnica ao Quilombo Vila São João foi realizada com o propósito de alcançar as metas do projeto. O grupo de pesquisadores que participou da visita foi composto por Anna Flávia Rodrigues Dias, Filomena Luciene Cordeiro Reis e Rodrigo Pereira Rocha, do curso de História; Isabella Drumond, do curso de Direito; e Laura Damaso Garcia, do curso de Psicologia.

“A visita técnica teve como objetivo conhecer as vivências dos quilombolas e, em especial, o Quilombo Vila São João, dentro da proposta de pensar o patrimônio cultural dos quilombolas, materiais e imateriais”, explicou a pesquisadora Filomena Cordeiro Reis.

“Aliar a teoria à prática é fundamental para o crescimento acadêmico, profissional e em todas as dimensões do ser humano. A pesquisa viabiliza a concretização da troca de conhecimento e de experiências”, complementou.

Durante as atividades no dia 24 de julho, a equipe de pesquisadores da Unimontes visitou espaços específicos do território quilombola, como o cemitério, a horta e a roça comunitária, a casa-sede, a casa de costura e o Rio Pardo. Também visitaram os distritos de Vila São João, Serra e a cidade de Berizal.

Durante o trajeto da viagem, os pesquisadores entrevistaram os quilombolas, incluindo descendentes de Clementina, herdeira das terras que hoje formam Berizal. As conversas permitiram conhecer a história de Berizal, cidade fundada por negros escravizados foragidos e libertos. As terras no local da povoação foram doadas ao santo padroeiro, São Sebastião, por Clementina, uma ex-escravizada que as herdou do pai. Entretanto, a documentação não está regularizada até os dias de hoje.

O nome Berizal foi criado pelo padre Jaime Ferreira e significa ‘Beri’, brejos, e ‘zal’, arrozal. Ou seja, a nomenclatura vincula-se à existência de brejos para a produção de arroz no local. Na mesma noite, foi realizada uma roda de conversa com os quilombolas, com a finalidade de conhecer sua história, costumes e desafios.

No dia 25 de julho, foi promovida uma reunião com a secretária municipal de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer de Berizal, Eliane Marcia Souto Mendes, e com representantes da Secretaria de Educação do município, com o objetivo de discutir possibilidades de elaboração de inventário, registro ou tombamento de bens culturais. Também foi discutida a educação quilombola no município.

Houve, ainda, a coleta de material para compor o banco de dados do Centro de Referência em Educação Popular. A visita técnica resultou na organização de uma capacitação sobre relações étnico-raciais e direitos dos quilombolas, agendada para os dias 20 e 21 de novembro de 2024.

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