As oportunidades de negócios com a China foram discutidas no VI Fórum Acadêmico de Alto Nível China-América Latina realizado no período de 28 a 30 de junho, em Pequim (Capital Chinesa). De iniciativa acadêmica, o evento contou com a participação do chefe de Departamento de Economia da Universidade Estadual de Montes Claros, professor Marcos Fábio Martins Oliveira, que apresentou o artigo “Relações econômicas e o impacto dos investimentos chineses no Estado de Minas Gerais – perspectiva dos últimos quinze anos”, elaborado em conjunto com a economista Sarah Dantas Rabelo Mota, bolsista de Ciência e Tecnologia da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unimontes (Inemontes). O texto mostra uma análise das relações comerciais entre as duas nações. 

O tema central do encontro foi “Transformação estrutural e perspectivas das relações latino-americanas”. O professor Marcos Fábio Martins explica que o fórum foi promovido a partir de iniciativa de um grupo de professores latino-americanos e do Caribe, que discute as relações econômicas entre os países da América Latina e a China. O evento tem como uma das principais organizadoras a Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (Unesp), juntamente com a Universidade Nacional de Córdoba (Argentina) e a Universidade Andrés Bello (Chile) e as associações da China de Estudos Latino-americanos e de Ciências Sociais. 

Também participaram do fórum economistas, professores e pesquisadores de importantes instituições brasileiras, como a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), representantes de outros países latino-americanos como Peru e Venezuela, além do país anfitrião. 

“A china é uma ameaça e, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade de negócios, com uma competitividade muito grande. Os países que não se prepararem para essa competitividade poderão sofrer com as consequências. Os países que não se adaptarem à competição chinesa vão perder oportunidades de mercado”, comenta o professor.  O pesquisador salienta que o país asiático  é um grande exportador de produtos manufaturados, equipamentos eletrônicos e outras mercadorias. Por outro lado, assinala,  podem ser atraídos grandes investimentos do capital chinês para o Brasil. 

O professor da Unimontes lembra que também esteve no país asiático em 2015, quando foi realizada em Xangai a IV edição do Fórum Acadêmico de Alto Nível China – América Latina. Na ocasião abordou as oportunidades de negócios entre a China e o Norte de Minas. Citou empreendimentos no Norte do estado com capital chinês como projetos mineradores e a possibilidade de novos investimentos como projetos de irrigação e de geração de energia limpa (eólica e solar). 

“Antes, abordamos as possibilidades de negócios no Norte de Minas, que é o foco da atuação da Unimontes. Agora, fizemos a mesma abordagem da oportunidade de negócios com a China, mas numa perspectiva mais abrangente, de todo estado de Minas Gerais”, assinala o professor Marcos Fábio Martins. 

Ao apresentar o artigo no fórum na China, o professor Marcos Fábio Martins enfatizou que, atualmente, a China é a principal parceria comercial do Brasil, sendo a grande importadora de produtos brasileiros como a soja (53%), minério de ferro (14%) e óleo combustível e petróleo (12%). Ressaltou que o país asiático também é um grande comprador de produtos mineiros.  Ele também lembrou que nos últimos anos, Minas Gerais e Rio de Janeiro foram os estados brasileiros que mais receberam investimentos chineses. No caso do Rio de Janeiro, pesam as vendas de petróleo e investimentos em indústrias. Em Minas Gerais, as negociações com os chineses envolvem investimentos em minério de ferro e no agronegócio. 

 20170629_091048.jpgAUMENTO DAS RELAÇÕES COMERCIAIS 

“As relações entre o Brasil e a China no período recente apontam para uma direção clara: o Brasil como exportador de mercadorias e a China com a produção de bens e produtos manufaturados mais complexos. A perspectiva da última década foi aprofundar e manter essa tendência, abrindo outra, na qual a China se tornaria um grande investidor no país”, destacou o representante da Unimontes no encontro em Pequim. 

Ele também ressaltou que “a China começa a delinear alternativas, buscando reduzir a taxa de crescimento para níveis mais sustentáveis, o investimento em energia limpa, a priorização do consumo interno e o desenvolvimento de marcas próprias e tecnologias”. O país asiático também incrementa o comércio exterior. 

Nesse contexto, destacou, “o Brasil aproveita a tendência de crescimento global da China e se beneficia de seus efeitos, amplia suas exportações de commodities, especialmente minerais e produtos agrícolas”. O professor Marcos Fábio Martins observa que o crescimento das relações com os chineses proporcionou ganhos para toda população brasileira, pois “permitiu a expansão dos gastos públicos, os aumentos de salários públicos e privados acima dos aumentos de produtividade”. 

Ele lembrou ainda que, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, na composição do intercâmbio entre os países, “pode-se notar uma concentração das exportações do Brasil para a China em produtos de menor valor agregado, principalmente produtos básicos”. Por outro lado, estão crescendo as importações de produtos de alto valor agregado da China. 

BUSCA DE INVESTIMENTOS PARA MINAS GERAIS 

Marcos Fábio Martins salienta que durante o evento em Pequim procurou fomentar a maior aproximação entre Minas Gerais e os chineses, com o objetivo de atrair investimentos daquele país no território mineiro. “Nos colocamos à disposição do Governo do Estado para facilitar as parcerias com chineses”, diz o professor da Unimontes, que manteve entendimentos também com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sedectes) e com  o Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (INDI), responsáveis pelas articulações para a captação de empreendimentos financiados com o capital chinês. 

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