A inflação em Montes Claros, no mês de setembro, foi de 0,63%, superior a agosto, quando o custo de vida chegou a 0,21%, o menor de 2025. O Setor do Índice de Preços ao Consumidor de Montes Claros (IPC-Moc), calculado pelo Departamento de Economia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), registra, portanto, acumulado anual de 4,80%.
Estabilidade, apesar da alta
Coordenadora geral do IPC-Moc, a professora Vânia Vilas Boas Vieira Lopes afirma que o índice apresenta “comportamento estável, dentro do esperado”. Apesar da elevação, “a gente percebe que não há sinais de pressão inflacionária generalizada”. Segundo ela, o resultado foi influenciado principalmente pelos grupos Alimentação e Habitação, que, juntos, responderam por mais de 70% do IPC-Moc de setembro.
No caso do Habitação, o que pesou mais foram os reajustes no aluguel e na energia elétrica, cuja bandeira tarifária vermelha foi acionada. Enquanto que, no Grupo Alimentação, houve aumentos nos produtos industrializados e “in natura”, devido sobretudo à sazonalidade típica do período, a “secas intensas” que afetam especialmente os hortifrutigranjeiros.
“Os demais grupos, como Saúde, Educação, Transporte mostraram variações moderadas, o que reforça um cenário de estabilidade de preços”, destaca a docente da Unimontes.
Alimentação
O Grupo Alimentação, que possui o maior peso (29.4700) na composição do orçamento doméstico, apresentou variação positiva de 0,68% e contribuiu com 0,20% para o resultado final do índice. As principais variações positivas foram do óleo de soja, 5,90%; pão de queijo, 4,76%; pudim em pó, 3,54%; coco ralado, 3,48%; sucos de garrafa, 2,59%; creme de leite, 2,12%; sopão, 2,05%; doce de frutas, 2,04%; presunto, 1,53%; queijo prato, 1,46%; massa para pastel, 1,41%; frutas em calda, 0,97% e, pão, 0,97%, além de chuchu, 31,60%; limão, 28,68%; beterraba, 17,13%; abacaxi, 15,10%; maracujá, 14,14%; e banana maçã, 11,24%. As variações negativas ocorreram no catchup, -15,74%; óleo de oliva, – 3,96%; água de coco, -3,43%; molho inglês, -2,34%; leite condensado, -2,12%; macarrão, -2,07%; mortadela, -1,70%; e manteiga, -1,50%; além de morango, -23,58%; coco verde e seco, -15,96%; pepino, – 12,69%; batata inglesa, -11,43%; tomate, -9,73%; alho, -6,88%; e coentro/cebolinha/salsa, -5,26%.
Habitação
O Grupo Habitação, com peso de 21.2500 na composição do orçamento doméstico, apresentou variação positiva de 1,43% e contribuiu com 0,30% para o resultado final do IPC-Moc. As principais variações positivas foram energia elétrica, média 6,00%; aluguel do imóvel, 3,03%; alvejante, 2,68%; cera para assoalho, 1,68%; saco de lixo, 1%; pá de lixo, 1%; esponja de aço, 0,92% e inseticida, 0,86%, além de lixas, 5,36%; tijolo, 5,26%; areia, 3,09%; verniz, 2,99%; prego/parafuso, 2,20%; massa corrida, 1,56%; chuveiro, 1,52%; janela, 1,48%; conexões, 1,25%; portas, 0,97% e, torneira, 0,97%. Já as variações negativas incluíram água sanitária, -1,82%; carvão, -1,79%; amaciante, -1,66%; sabão em barra, -1,30%; pasta para calçados, -1%; sabão em pó, -0,50%; ferro, -6,04%; padrão de luz, -2,46%; cimento, -2,21%; pedra rachão, -2,08%; cerâmica/porcelanato, -1,91%; telha, -0,80%; e fiação, -0,50%.
Demais grupos
O Grupo Artigos de Residência e Serviços Domésticos, que possui peso de 5.2400 na composição do orçamento doméstico, apresentou variação positiva de 0,55% e contribuiu com 0,02% para o resultado final do índice.
O Grupo Saúde e Cuidados Pessoais, que possui peso de 9.7400 na composição do orçamento doméstico, apresentou variação positiva de 0,60% e contribuiu com 0,05% para o resultado final do índice.
O Grupo Transportes e Comunicação, que possui peso de 19.6200 na composição do orçamento doméstico, apresentou variação positiva de 0,04% e colaborou com 0,01% para o resultado final do índice.
O Grupo Vestuário, que representa um peso de 5.9800 na composição do orçamento doméstico, apresentou variação positiva de 0,21% e contribuiu com 0,01% para o resultado final do índice.
E o Grupo Educação e Despesas Pessoais, que representa um peso de 8.7000 na composição do orçamento doméstico, apresentou variação positiva de 0,57% e contribuiu com 0,04% para o resultado final do índice.
IPC-Moc
O IPC-Moc é o indicador da evolução do custo de vida das famílias montes-clarenses. É calculado desde 1982 pelo Setor de Índice de Preços ao Consumidor do Departamento de Economia da Unimontes e visa medir a variação de preços de um conjunto fixo de bens e serviços componentes de despesas habituais de famílias de nível de renda entre um e seis salários mínimos mensais.
A proposta é medir, ao longo do tempo, o nível geral de um conjunto de produtos, bens ou serviços no varejo, ou seja, da forma como eles chegaram ao consumidor final, e serve de referência para avaliação do poder de compra da população.
A metodologia de cálculo é a comparação dos preços médios do mês atual com os preços médios do mês imediatamente anterior. Os preços são pesquisados por uma equipe de seis coletadores, todos estudantes do curso de Ciências Econômicas da Unimontes, que visitam 400 estabelecimentos varejistas, distribuídos nos diversos bairros da cidade, com início da coleta de preços todo primeiro dia útil do mês.
Cesta Básica em queda
“Um outro dado que consideramos importante é a Cesta Básica, que apresentou queda de 1,24%, em setembro”, pontua Vânia Vilas Boas ao salientar tratar-se do menor valor no ano “de comprometimento do salário mínimo”, de 36,74%. O que indica “um alívio no custo de vida para os trabalhadores montes-clarenses.
Os preços dos gêneros básicos que compõem a Ração Essencial Mínima registraram queda de -1,24% em setembro, contra 0,04% do mês anterior. As informações necessárias para o cálculo da cesta básica de Montes Claros utilizam a base de dados da pesquisa mensal de preços ao consumidor, realizada desde 1982 para a produção do IPC-Moc. Para o seu cálculo, a pesquisa baseia-se no Decreto-lei de 1938, que regulamentou o salário mínimo no Brasil e está vigente até os dias atuais. O dispositivo definiu que a cesta de alimentos fosse composta por 13 produtos alimentícios, em quantidades suficientes para garantir, durante um mês, o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta. Os bens e quantidades estipuladas foram diferenciados por região, de acordo com os hábitos alimentares regionais.
Em setembro, o trabalhador local, com renda bruta de R$ 1.518,00 destinou 36,74% do salário para a compra da Cesta Básica e respectivas quantidades, que que custaram R$ 557,80, em oposição a R$ 564,80 do mês anterior. Após a aquisição da Cesta Básica, restaram R$ 960,20 para as demais despesas como moradia, saúde e higiene, serviços pessoais, lazer, vestuário e transporte.