Peça de João Rosa trata a depressão como “vírus” e máquina do tempo ajuda crianças a eliminá-la da humanidade

João Rosa é o autor do texto premiado no concurso do SESC (Fotos: Divulgação)

O acadêmico João Rosa, do 7º período do curso de Artes/Teatro da Unimontes, é um dos cinco ganhadores do IX Concurso “Jovens Dramaturgos”, promovido pelo Serviço Social do Comércio (SESC) em nível nacional. O texto premiado “Clock” é uma ficção, que trata da busca pela cura da depressão. Na estória, a doença é transmitida por um vírus e crianças buscam incessantemente a cura através de uma máquina do tempo.

A premiação será entregue em evento no Espaço Cultural Escola Sesc, no Rio de Janeiro, em data a ser marcada pela coordenação. João Rosa participará de uma residência artística de 2 a 6 de dezembro, na Capital Fluminense, e terá o texto adaptado para uma leitura dramática. Seu trabalho e dos demais finalistas serão reproduzidos em 700 livros sobre dramaturgia. Cada autor terá direito a 50 exemplares.

O concurso foi aberto para jovens entre 15 e 29 anos, com 152 concorrentes de 21 estados do Brasil. Ele revela que entrou no concurso somente no prazo final de inscrição, inspirado na experiência que o ex-professor Rafael Lorran teve no mesmo concurso. Egresso do curso de Teatro da Unimontes, Lorran foi um dos ganhadores do prêmio na edição de 2014.

COMO SURGIU O TEXTO

A obra premiada “Clock” surgiu a partir de uma oficina do projeto Teatro Universitário (TU), oferecida gratuitamente pela Unimontes. “Num processo colaborativo, a colega de curso Adina Alkimin me pediu um texto que falasse sobre depressão para o trabalho de montagem com os jovens que participaram da oficina”, disse.

O autor confessa que a temática exige uma sensibilidade e procurou se basear em um dos universos mais utilizados pelos jovens: as redes sociais. “Pesquisei postagens sobre depressão, algumas como verdadeiros pedidos de socorro. Guardei o texto original e quando surgiu a oportunidade de me inscrever no concurso nacional do SESC, fiz uma atualização com novas formas de linguagem e mais personagens”, completou.

Segundo João Rosa, a ficção numa linguagem lúdica e divertida foi a maneira que encontrou para tratar de um tema tão sério.

“O tema é delicado e tratado com sabor de aventura, ficção científica e regado de músicas. Com uma linguagem jovem e dinâmica, o intuito é atrair a atenção do público infanto-juvenil e transmitir uma mensagem positiva”, destaca o professor Carloman Bomfim, do curso de Artes/Teatro, ao opinar sobre o trabalho do aluno.

Peça será transformada em livro para divulgação nacional pelos organizadores

No texto premiado, a população é atingida pelo vírus “V”, que contamina as pessoas com os mais diversos sintomas da depressão. Elas perdem o próprio reflexo e não conseguem mais se ver, andam sempre tristes e descrentes. Como a humanidade está seriamente ameaçada, duas crianças chamadas “General” e “Doutor” decidem se unir para fazer um antídoto que acabe com o vírus. A receita inicial sai errada e, ao invés do elixir, criam um refrigerante. No entanto, o líquido tem um efeito especial: voltar no tempo, como combustível essencial para o funcionamento da máquina do tempo.

Os personagens reúnem uma tropa e, então, voltam ao passado para descobrir a causa da depressão das pessoas e evitar que elas se adoeçam. Porém, a viagem faz com que eles descubram que a resposta estava todo tempo ali ao lado de cada um. E o mundo tecnológico está entre as grandes ameaças.

GARIMPEIROS – João Rosa tem 21 anos e nasceu na cidade de Datas, no Vale do Jequitinhonha. Ingressou na Unimontes pelo Sistema de Seleção Unificada (SiSU), em 2016. Faz questão de se lembrar da origem humilde. “Os meus pais são garimpeiros”.

Há cinco meses, o acadêmico premiado faz estágio no projeto “Alianças do Sertão”, do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA-NM), que oferece a oficina “Tamo Junto” de artes para cerca de 300 crianças e adolescentes das comunidades de Serra Verde e São João da vereda de Montes Claros e no distrito de São Roberto em São João da Lagoa. Assim como o texto premiado, o trabalho mescla arte com um assunto sério: a prevenção à violência contra crianças e jovens.

O autor fez um desabafo: “acredito que não havia melhor momento para alcançar este prêmio, uma vez que estamos no mês de prevenção ao suicídio. Isto amplia, mesmo que de forma mínima, a importância da discussão sobre a depressão e são várias as gerações que passaram sem entender o problema. Agora, conhecendo o inimigo, devemos acabar com o vírus “V”.

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