As Festas de Agosto de Montes Claros, que movimentam a cidade a partir desta quarta-feira (19/8) e se estendem até o próximo domingo, têm como principais responsáveis os mestres dos ternos de catopês, marujos e caboclinhos. Eles preservam a tradição, a alegria, a devoção e o encanto das centenárias manifestações. Essa importância foi reconhecida pela Universidade Estadual de Montes Claros, que prestou homenagem especial aos maiores representantes dos grupos folclóricos durante a abertura oficial do projeto “A gosto da Unimontes”, nessa segunda-feira (17/8), no Museu Regional do Norte de Minas.
A solenidade de abertura foi realizada no pátio interno do antigo Casarão da Fafil onde foi montado um grande painel dedicado às Festas de Agosto, com arte da professora Andrea Gomes Cardoso (Departamento de Artes) e do grafiteiro Wender Miranda.
O projeto “A gosto da Unimontes”, que chega à 4ª edição, tem como lema “Unimontes, Conhecimento e Cultura Popular”. A iniciativa é da Pró-Reitoria de Extensão, por meio das Coordenadorias de Extensão Cultural e de Extensão Comunitária, e da diretoria do Museu Regional do Norte de Minas – com o apoio da Reitoria e do Governo de Minas. A programação prossegue até o próximo sábado (22), com exposições, apresentações artísticas e oficinas gratuitas.
HOMENAGENS
Foram homenageados com entrega de certificados João Pimenta dos Santos, o mestre Zanza, presidente da Associação dos Catopês, Marujos e Caboclinhos e comandante do Terno de Nossa Senhora do Rosário; José Expedito Cardoso do Nascimento, o mestre Zé Expedito, responsável pelo Terno de São Benedito; e Antonio Ferreira Silva, o mestre “Tone Cachoeira”, chefe de um dos grupos de “Marujada”.
Também foi prestada homenagem a Maria do Socorro Pereira Domingos, a “Cacicona”, mestre do grupo de Caboclinhos. Socorro assumiu o posto nas Festas de Agosto em 2008, com o falecimento do seu pai, Joaquim Pereira da Silva, o “Joaquim Poló”.
O reitor da Unimontes, professor João dos Reis Canela, ressaltou a importância do reconhecimento pela instituição aos grupos, salientando que eles precisam ser mais valorizados por expressarem a riqueza cultural do povo da região.
O reitor também enalteceu o projeto “A gosto da Unimontes” por fomentar o envolvimento dos integrantes da comunidade acadêmica nas manifestações folclóricas, valorizando a cultura regional. “As Festas de Agosto representam verdadeiramente a mais original manifestação popular. Ao contribuir com essas tradições, a universidade busca maior aproximação com toda a comunidade”, destacou.
“CURA”
Em nome dos homenageados, o Mestre Zanza agradeceu o reconhecimento da Unimontes e fez um depoimento sobre sua devoção às Festas de Agosto, nas quais desfila desde os seus quatro anos de idade. Ele disse que, hoje, aos 82 anos, enfrenta problemas de saúde. “Posso dizer que fico doente quase o ano inteiro, mas quando chega o mês de agosto recupero minha saúde para ajudar nas Festas. Para mim, é como se as Festas fossem um remédio”, declarou o Mestre.
O presidente da Associação de Catopês, Marujos e Caboclinhos falou ainda sobre o reconhecimento à importância das próprias Festas de Agosto, realizadas há 176 anos. Disse que, cada ano que passa, aumentam as visitas à sede da associação – na Rua Santa Efigênia (Bairro Morrinhos) – inclusive com as presenças de pessoas do exterior.
Ainda durante a solenidade, a pró-reitora de Extensão, professor Jussara Maria de Carvalho Guimarães, salientou que, por intermédio do “A gosto da Unimontes”, a Universidade demonstra e comprova na prática a sua intenção de integrar cada vez mais à comunidade, valorizando a cultura popular. Por sua vez, a deputada federal Raquel Muniz cumprimentou a Universidade por “valorizar e garantir a manutenção das tradições da região”, destacando ainda que a academia ganha ao “sair dos seus muros e ir para o meio da comunidade”.
