Notícias

Norte de Minas chega quase a 24 mil infectados pela Covid-19 e casos subiram 2,5 vezes mais somente no último trimestre

By Christiano Lopes Jilvan

November 20, 2020

– Nova análise faz parte da pesquisa em Geografia da Saúde da Unimontes e a projeção pode ser de mais ascendência se não houver maior rigidez na flexibilização –

Oito meses após o início da pandemia do Novo Coronavírus, completados nesta semana (17/11), o Norte de Minas está próximo de atingir a marca dos 24 mil casos oficiais de contaminados. São 23,8 mil pessoas que já foram acometidas pela Covid-19 na região, o que representa 6,2% do total confirmado em Minas Gerais. Todas as 89 cidades da região já têm registros da doença. Botumirim era o último município norte-mineiro que ainda não apresentava registros oficiais de casos; os três primeiros foram confirmados ao final de outubro.

Quanto aos casos fatais, houve mortes em 61 cidades norte-mineiras. Até 17/11, 444 pessoas perderam a vida por causa da doença, sendo que 45% destes óbitos aconteceram em Montes Claros, polo mesorregional e, assim, referência no atendimento de pacientes dos demais locais da região.

Estes dados fazem parte do estudo contínuo em Geografia da Saúde, que o Departamento de Geociências e o mestrado em Geografia da Universidade Estadual de Montes Claros realiza desde março sobre a Covid-19, com base nos Boletins Epidemiológicos oficiais da Secretaria de Estado de Saúde (SES) de Minas Gerais.

SALTO NO ÚLTIMO TRIMESTRE

Nesta semana, os professores e acadêmicos responsáveis pela pesquisa na Unimontes divulgaram novos mapas e gráficos analíticos que revelam a ascendência de casos ao longo de todo o período de pandemia. O histórico de registros organizados na pesquisa mostra que os dois primeiros registros na região foi em 7 de abril. Em 20 de maio, o Norte de Minas chegou à primeira centena de infectados (110) e em 10 de julho, passou dos mil casos (1.896). Já em 30 de agosto, a região atingiu aos 10,7 mil contaminados pelo Novo Coronavírus.

E no cenário mais recente, por exemplo, mesmo com algumas oscilações, as médias aumentaram espantosamente. “Houve uma crescente bastante significativa no quantitativo de casos, com uma variação de 75,2% do número de casos em dois meses entre meados de setembro e agora”, descreve o professor Gustavo Cepolini, um dos coordenadores dos estudos juntamente com a professora Iara Maria da Silveira. Os acadêmicos dos cursos de bacharelado e licenciatura em Geografia são responsáveis pela organização dos mapas.

Para entender o percentual citado por ele, em 15 de setembro, eram 13.617 casos e, pouco mais de 60 dias depois, em 17 de novembro último, foi alcançada a marca de 23.870 casos na região.

MAIS IMPRESSIONANTE – No entanto, se considerar o intervalo de 90 dias entre os registros oficiais de agosto a novembro, o comparativo impressiona ainda mais porque os casos aumentaram 2,5 vezes mais (em 244%). Saíram de 6.935 em 14 de agosto para os atuais 23.870 de 17/11.

Este avanço mais intenso, segundo o pesquisador, está associado a diversos fatores, como a maior flexibilização no fluxo de pessoas em diferentes atividades e serviços. Em outra observação, o pesquisador resgata as abordagens feitas pela equipe da Unimontes em divulgações anteriores sobre a pandemia no Norte de Minas. “Devemos observar o ponto de vista geográfico das desigualdades daqui com outras regiões do Estado, uma vez que dezenas de municípios ainda têm dificuldade com as testagens. No entanto, destacamos que houve o aumento significativo nos testes para a maior confirmação destes dados ascendentes, trabalho este concentrado em Montes Claros e com participação determinante da própria Universidade com um laboratório de diagnósticos no Hospital Universitário”, descreve.

MAIOR RIGIDEZ

A recomendação dos estudiosos é para que as medidas preventivas continuem e haja critérios mais rígidos na flexibilização das atividades econômicas e sociais “para que a gente possa ver uma estabilidade ou mesmo uma queda no percentual de casos enquanto ainda não se sinaliza uma vacina em massa para conduzir melhor o tratamento da doença”, acrescenta Cepolini.

Por outro lado, o professor e a equipe destacam uma situação que pode ter contribuído significativamente para que a ascendência não fosse ainda maior. “É preciso evidenciar a importância da continuidade do isolamento social, sobretudo as escolhas acertadas com o fechamento das escolas da educação infantil, de educação básica e o ensino superior, ou seja, o cuidado com as pessoas”. Esta faixa etária que compreende as pessoas menores de um ano até os 19 anos e é a que registra o menor número de contaminados no Estado de Minas Gerais (7,6%).

Matérias anterioresLeia tambémEm mapas, Geografia da Saúde/Unimontes revela a marcha da Covid-19 no Norte de MG, com 40% dos municípios com casos