Renomado mundialmente, especialista português foi recebido pelo reitor e ministrou conferência em seminário
As universidades têm como grande responsabilidade a formação de professores para educação básica. Desta maneira, devem criar condições para que os docentes venham a se adaptar às mudanças e vencer os desafios enfrentados, assegurando a qualidade do ensino.
A afirmação foi feita pelo renomado professor português Antônio Nóvoa, ex-reitor da Universidade de Lisboa, em visita à Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), na manhã de quinta-feira (31/10).
Doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Genebra (Suíça) e doutor em História pela Universidade Sorbonne (Paris/França), o professor Antônio Nóvoa é conhecido mundial pela sua contribuição acadêmica, especialmente, com a formação de professores. Ele foi recebido pelo reitor da Unimontes, professor Wagner de Paulo Santiago, no gabinete da reitoria.
O renomado educador veio a Montes Claros como conferencista convidado do seminário interinstitucional “Um Espaço Comum da Formação de Professores da Educação Básica”, realizado na Unimontes na mesma data. O evento foi promovido pela Rede Mineira de Formação de Professores da Educação Básica, numa parceria entre a Unimontes, as Universidades Federais de Minas Gerais (UFMG) e dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri (UFVJM) e o Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG).
A articulação entre as universidades e as secretarias municipais de educação visa a implementação do Centro Interinstitucional de Formação de Professores e Profissionais da Educação Básica (Cifop). O objetivo é apresentar e debater políticas institucionais que aproximem as instituições de ensino superior da educação básica, fortalecendo a formação de professores.
Recepção no gabinete do reitor
O professor António Nóvoa foi recebido pelo reitor Wagner de Paulo Santiago no Gabinete da Reitoria. O encontro contou com as presenças do vice-reitor, professor Dalton Caldeira Rocha; da reitora do Instituto Federal do Norte de Minas, professora Joaquina Aparecida Nobre da Silva; e do diretor do Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em Montes Claros, professor Hélder dos Anjos Augusto, juntamente com a pró-reitora de Ensino, professora Ivana Ferrante Rebello; e a professora Jussara Maria de Carvalho Guimarães, assessora da reitoria e representante da Rede Mineira de Formação de Professores.
Na oportunidade, o reitor Wagner de Paulo Santiago deu as boas-vindas ao professor Antônio Nóvoa e destacou a honra da Unimontes em receber um dos maiores especialistas em educação no mundo. Ele salientou que a educação superior vive um momento de mudanças e que a Universidade Estadual de Montes Claros está atenta à questão, preocupada em atender as demandas das novas gerações e melhorar a formação docente, combatendo também a evasão escolar.
“Estamos atentos ao que está acontecendo na sala aula, diante das mudanças e inovações. Precisamos sempre aprimorar para resolvermos os problemas que envolvem o processo ensino-aprendizagem de maneira a formarmos adequadamente os nossos futuros professores e demais profissionais.” pontuou o professor Wagner de Paulo Santiago.
O professor Antônio Nóvoa salientou que as universidades desenvolvem, em todo mundo, papel preponderante na formação de professores e, consequentemente, na garantia da qualidade da educação. Ele ressaltou a importância do diálogo e da ligação entre as instituições de ensino superior as escolas do ensino básico no sentido de garantir também formação continuada dos professores.
“Vivemos um tempo de grandes mudanças e de grandes transformações, um tempo em que os professores têm enfrentado enormes dificuldades e desafios. Diante disso, o ensino superior tem uma responsabilidade enorme de manter uma ligação com as escolas da educação básica, para se criar novos programas de formação de professores, tanto a inicial como a continuada, com a valorização da profissão docente e a valorização da educação básica como um bem público e comum, em prol do futuro das nações e da humanidade”, afirmou o professor Antônio Nóvoa.
Ele também abordou a evasão nas universidades, que, ocorre, sobretudo, nos cursos de licenciatura, voltados para a formação de professores para a educação básica. Segundo Nóvoa, a solução para o problema da evasão está relacionada à necessidade de uma série de intervenções e mudanças. “Temos que entender que a formação de professores e o interesse pelos cursos de licenciatura não estão ligados apenas à remuneração na área. O problema envolve um ciclo vicioso. As universidades têm muita responsabilidade para tratar da questão”, assegurou o professor português.
Por sua vez, o vice-reitor da Unimontes, professor Dalton Caldeira Rocha, observou: “a universidade não pode se furtar ao seu lugar de protagonismo na propositura de ações que visem a melhoria da qualidade da educação no Brasil para que possa, através da pesquisa e da produção de conhecimentos, não só propor métodos e técnicas, diagnósticos e relatórios. Mas, acima de tudo, construir intervenções nas políticas públicas relacionadas com educação”, disse.
Reunião com professores e coordenadores da Unimontes
Após ser recebido no Gabinete do Reitor, o professor António Nóvoa participou de reunião no Salão dos Conselhos (também no prédio da Reitoria da Unimontes). O encontro contou com a participação de coordenadores de cursos, chefes de departamentos e professores das instituições envolvidas no seminário interinstitucional “Um Espaço Comum da Formação de Professores da Educação Básica”. Eles tiveram a oportunidade de interagir com o renomado especialista, com perguntas sobre a formação de professores para a educação básica e outros assuntos da área docente.
Uma das participantes do evento foi a pró-reitora adjunta de Graduação da UFMG, professora Maria José Batista Pinto Flores, integrante da Rede Mineira de Professores da Educação Básica. Ela destacou a importância do movimento para a consolidação do Centro Interinstitucional de Formação de Professores e Profissionais da Educação Básica.
“Os professores respondem pela maior população de profissionais, principalmente, na rede pública, no Brasil. A gente carece de uma formação que valorize e exalte o saber do professor no cotidiano dessa formação. Ao mesmo tempo, temos um esvaziamento dos cursos de formação de professores no que se refere à atratividade. É necessário unir as instituições de ensino superior e as escolas da educação básica em prol da formação. E, necessariamente, em prol da profissão de professor”, assegurou Maria José Flores.
Projeto Piloto
Conforme os organizadores do seminário, a ideia é desenvolver um projeto piloto em Montes Claros para construção de um novo modelo de formação de professores que seja adequado e atenda às necessidades e realidades da educação básica.
Ainda na sala dos Conselhos, na Reitoria da Unimontes, durante a tarde de quinta-feira, profissionais da rede pública de ensino e das universidades reuniram-se com o educador português, Antônio Nóvoa para discutir modelos de atuação capazes de provocar uma ruptura com o formato tradicional de formação de professores, que já não dá conta do saber e da forma de aprender das crianças.
“Quebrar os muros” das salas de aula tanto da universidade, quanto das escolas públicas da educação básica é o desafio para arejar o pensar pedagógico e colocar, frente à frente, trabalhando juntos, docentes da licenciatura, acadêmicos que serão futuros professores e aqueles que exercem o magistério nas escolas públicas, tão importantes e carentes de valorização.
Conferência em seminário
O seminário interinstitucional “Um Espaço Comum da Formação de Professores da Educação Básica” aconteceu quinta-feira à noite, no auditório do prédio 6, do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), no campus-sede. O professor Antônio Nóvoa apresentou a conferência sobre o tema central do evento. Ele enfatizou deu ênfase a sua visão sobre a formação docente e a importância do diálogo entre instituições de ensino superior e a educação básica.