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Unimontes participa de pesquisa que avalia eficácia de medicamentos contra a Leishmaniose

By DTI

January 19, 2011

A eficácia dos medicamentos usados no tratamento da Leishmaniose Visceral (Calazar) no Brasil será avaliada através de pesquisa realizada em nível nacional, com a participação de diversas universidades e centros de pesquisas das regiões Sudeste, Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País. Uma delas é a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). O “Estudo Multicêntrico de Eficácia e Segurança dos Fármacos Recomendados para o Tratamento da Leishmaniose Visceral no Brasil” deverá ser concluído ao longo de dois anos.

A pesquisa está orçada em cerca de R$ 1 milhão, com financiamento do Ministério da Ciência e Tecnologia, por intermédio da Financiadora Nacional de Estudos e Projetos (Finep) e do Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e com o apoio do Ministério da Saúde. Além da Unimontes, participam a Universidade de Brasília (UnB) e as Universidades Federais do Piauí (UFP), do Mato Grosso do Sul (UFMS), do Tocantins (UFT) e de Sergipe (UFS). O estudo ainda envolve o Centro de Pesquisa Renê Rachou, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), sediado em Belo Horizonte.

A equipe de profissionais do estudo já participa de treinamento realizado no Hospital Universitário Clemente de Faria, da Unimontes, iniciado nessa terça-feira (18). Os trabalhos terminam na quinta-feira (20), sob coordenação do professor e pesquisador Sílvio Fernando Guimarães de Carvalho, coordenador do Centro de Pesquisa em Doenças Parasitárias e Infecciosas do Hospital da Unimontes.

REPERCUSSÃO CONTINENTAL

O encontro contou com a presença da professora Fabiana Alves, consultora para a América Latina da DNDI (sigla em inglês para “Iniciativa de Medicamentos para Doenças Negligenciadas”). Os trabalhos tiveram também a participação da professora Thaís Alves Amaral, coordenadora do estudo pelo Centro de Pesquisa René Rachou. “Foram discutidos os principais objetivos da pesquisa e sobre como ela será desenvolvida”, adiantou a pesquisadora.

Conforme explica o professor Sílvio Guimarães, o estudo foi recomendado pelo Ministério da Saúde com o propósito de avaliar a eficácia e segurança de três medicamentos usados no tratamento da Leishmaniose Visceral no País: Antimoniato de N-Metil Glucamina, Desoxicolato de Anfotericina B e Anfotericina B Lipossomal. Um dos principais objetivos é determinar a taxa de cura e o tempo decorrido até a recuperação clínica e hematológica dos pacientes tratados com os três remédios.

“A pesquisa será muito importante porque vai permitir que o Ministério da Saúde tenha uma avaliação sobre a eficiência dos remédios usados no tratamento da Leishaminose Visceral. Dessa forma, deverá ser aumentado o índice de cura e reduzido os efeitos colaterais”, afirma o professor.

COMO SERÁ FEITA A PESQUISA

O estudo acontecerá com acompanhamento de pacientes atendidos nos centros de referência em Leishmaniose instalados em hospitais públicos de Montes Claros, Belo Horizonte, Campo Grande, Palmas, Teresina e Aracaju. Em Montes Claros, a unidade de referência para os portadores da doença é o Hospital Universitário, onde há mais de 10 anos são realizadas pesquisas sobre as medidas terapêuticas no tratamento da enfermidade.

Ao todo, serão acompanhados 660 pacientes entre adultos e crianças, divididos em quatro grupos. Haverá a avaliação dos efeitos colaterais e da evolução do tratamento e da cura com o uso do Desoxicolato de Anfotericina B, da Anfotericina B Lipossomal e do Antimoniato de N-Metil Glucamina. O estudo será comparativo, observando a eficácia e outros aspectos de cada um dos três medicamentos em relação aos outros remédios usados no tratamento do Calazar.

MODELO PARA OMS

A pesquisa sobre novas alternativas terapêuticas para a Leishmaniose Visceral é considerada estratégica pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A doença é endêmica em 62 países. Na América Latina, a maior ocorrência é verificada no Brasil. Estudos mostram que de 1987 a 2006 foram registrados no País 53.780 casos, com uma média de 2.689/ano. A relação é de 1,65 casos para cada grupo de 100 mil habitantes.

O QUE É LEISHMANIOSE – Também conhecida como Calazar, a Leishmaniose Visceral é transmitida pela picada do mosquito-palha ou birigui (Lutzomyia longipalpis). É causada pelo protozoário Leishmania chagasi. Embora alguns canídeos (raposas, cães), roedores e outros animais silvestres possam ser reservatório do protozoário e fonte de infecção para os vetores, nos centros urbanos a transmissão se torna potencialmente perigosa por causa do grande número de cachorros, que adquirem a infecção e desenvolvem um quadro clínico semelhante ao do homem.

Os sintomas do Calazar são febre de longa duração, fraqueza, emagrecimento e palidez. Fígado e baço podem ter seu tamanho aumentado, já que a doença acomete estes órgãos, podendo atingir também a medula óssea. O período de incubação é muito variável: pode durar de dez dias até dois anos.