A Unimontes realizará, em breve, o 1º Congresso “Acadêmicos Negros na Universidade”. O objetivo é discutir, sob o ponto de vista do aluno, como é o acesso dos universitários negros no ensino superior, a efetiva aplicação das políticas públicas para a sua permanência e como melhorar a convivência no ambiente acadêmico.
A proposta foi apresentada na última semana, durante a 1ª Assembleia da Juventude, no campus-sede. O evento foi organizado pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB/Unimontes), com o apoio do Programa de Educação Tutorial em Ciências da Religião (PET-CRE).
Na oportunidade, ainda foi apresentada a ideia de se criar o “Movimento Negro Estudantil na Unimontes”, a partir da iniciativa dos próprios universitários. O modelo seria uma forma de ajudar na interlocução com a gestão superior para questões como acesso às bolsas de iniciação científica, cotas para as vagas de estágio e para a ajuda de custo implementada na Política Estudantil Estadual.
A Assembleia foi organizada pelos professores Cristina Borges e José Maria Carvalho, que fazem parte da coordenação do NEAB. Além de buscar a indicação de um representante discente para compor o Núcleo, o evento contou com apresentações musicais, exposição de fotos e de peças de artes e manifestações das raízes africanas.
“Vejo o Movimento Negro Estudantil como essencial para o ambiente de uma universidade que adota, por instrumento de lei, o sistema de reserva de vagas para negros carentes. Esta será a melhor forma de alinhar as necessidades destes alunos com os gestores e os demais ambientes acadêmicos”, explica a professora Cristina Borges.
Ailton da Guia Gonçalves Júnior, acadêmico do 6º período de História, fez um depoimento e considerou que o “ambiente na universidade ainda é hostil para os negros” e considerou a possibilidade de criação do movimento negro, a partir dos próprios alunos, como um acolhimento para se buscar conquistas.
HETEROIDENTIFICAÇÃO
Em fevereiro último, a Unimontes instituiu a Comissão de Heteroidentificação, formada a partir dos próprios integrantes do NEAB, que faz a avaliação do fenótipo dos negros aprovados nos vestibulares (SiSU e PAES), como complemento à autodeclaração que os candidatos fazem no ato da inscrição dos processos. Entre os objetivos, comprovar se eles têm características que os identifiquem como pertencentes à raça negra e, também, a prevenção contra possíveis denúncias e fraudes aos sistemas de seleção.
Neste período, a comissão fez a avaliação dos candidatos em dois processos seletivos e pretende, ainda, comparar até o final deste ano, os percentuais de aprovação, ingresso e de evasão dos candidatos aprovados pelo sistema de reserva de vagas para negros. “Vivemos uma época de crise econômica e crise de identidade e as minorias são as que mais sofrem. Como é no caso dos negros, que acabam desistindo dos estudos por questão de sobrevivência na busca por um emprego. É preciso criar melhores condições para o acesso e especialmente para a permanência destes alunos”.