O sobrepeso e a obesidade são, atualmente, um dos problemas mais comuns entre os adolescentes, o que exige dos pais e responsáveis a orientação aos filhos para o exercício de atividades físicas e a melhoria dos hábitos alimentares. É o que aponta os primeiros resultados da pesquisa “Saúde na Escola”, realizada pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Como atividade do estudo, um grupo de alunos avaliados participa, gratuitamente, de atividades físicas em uma academia da cidade.
Feita por amostragem, a pesquisa é um estudo multiprofissional, que envolve profissionais das Ciências Biológicas e da Saúde. O estudo foi implementado no âmbito do Programa de Pós-Graduação Stricto sensu em Ciências da Saúde (PPGCS). Participam da intervenção do programa de exercícios físicos, nove acadêmicos e quatro profissionais do curso de graduação de Educação Física da Unimontes. A coordenação geral é da professora Carla Silvana de Oliveira e Silva, do departamento de Enfermagem.
Conforme a professora Claudiana Donato Bauman, doutoranda em Saúde Coletiva e uma das participantes da pesquisa, foram avaliados 627 alunos (na faixa etária de 10 a 16 anos) da rede pública de ensino fundamental e médio de Montes Claros. Os primeiros resultados revelam o aumento da Circunferência Abdominal (CA) em 10,7% dos adolescentes avaliados, sendo que 55,2% deles eram do sexo feminino e 44,7% masculino – percentuais preconizados para o diagnóstico da Síndrome Metabólica.
A seleção das escolas para participação na pesquisa ocorreu a partir da divisão da cidade de Montes Claros em regiões: Norte, Sul, Leste e oeste. Foram agrupadas 63 escolas públicas sendo que ao final apurou-se uma população de 77.833 estudantes. Cinco estabelecimentos de ensino foram beneficiados, com a escolha aleatória de um grupo de amostra de 627 alunos.
O estudo foi pautado na classificação do perímetro de Circunferência Abdominal (CA), de acordo com a preconização da “International Diabetes Federation (IDF)”, para o diagnóstico da síndrome metabólica e os riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares entre adolescentes.
Os primeiros resultados da pesquisa “Saúde na Escola” foram destacados em artigo intitulado “Classificação da circunferência abdominal de escolares matriculados na rede pública de ensino da cidade de Montes Claros/MG”, produzido pela acadêmica Bárbara Patrícia Santana Silva, como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Educação Física/Unimontes. Ela teve como orientadoras as professoras Carla Silvana e Claudiana Bauman.
“Os resultados aqui apresentados demonstram haver alterações significativas nas medidas da circunferência abdominal dos adolescentes investigados. Esses achados corroboram para a necessidade do acompanhamento desses indivíduos, principalmente quando a circunferência abdominal se encontra associada à obesidade”, observa Claudiana, que é coordenadora do curso de Educação Física da Unimontes.
“Outros estudos citados na pesquisa evidenciaram que a obesidade abdominal está associada ao sexo feminino, principalmente nos estágios finais da maturação sexual, associando-se às modificações do tecido adiposo, que apresenta aumento gradual da gordura corporal durante toda a adolescência”, acrescenta.
IMPORTNCIA DAS ATIVIDADES FÍSICAS
A coordenadora do curso de Educação Física destaca a importância dos primeiros resultados do estudo para orientação dos pais quanto aos riscos da obesidade entre os adolescentes e a necessidade do exercício de atividades físicas e da melhoria dos hábitos alimentares. Também lembra que a pesquisa continua em andamento.
Ela salienta que o aumento da Circunferência Abdominal (CA) entre os adolescentes revela o sobrepeso e indica riscos de doenças cardiovasculares. Nesse sentido, observa, os pais devem ficar em alerta quanto à necessidade de estimular os filhos para evitar o sedentarismo e praticarem atividades físicas.
Outra recomendação é os adolescentes precisam ter hábitos alimentares saudáveis. Eles devem evitar o fast-food (sanduíches e refrigerantes) e tentar uma alimentação baseada em cereais, frutas e legumes e alimentos naturais.
ALUNOS EM ACADEMIA
Ainda de acordo com as coordenadoras do estudo, um grupo de 40 alunos das escolas de ensino fundamental e médio que foi identificado com sobrepeso foi inserido em uma série de atividades físicas, gratuitamente, em uma academia da cidade. Os estudantes continuam sendo acompanhados e avaliados dentro da pesquisa.
Os alunos praticam exercícios na academia três vezes por semana. O acompanhamento deles é feito por uma equipe multidisciplinar (educador físico, fisioterapeuta, enfermeiro, nutricionista e médico endocrinologista). “O objetivo é saber a interferência nas atividades na melhoria do condicionamento físico na própria de qualidade de vida dos adolescentes”, explica Claudiana.
Ela informa que as ações também terão continuidade com palestras educativas destinadas aos adolescentes e suas famílias, programas de atividade física sistematizados e permanentes, prevenção e tratamento de doenças metabólicas e orientação nutricional e psicológica.