O resultado final do 2º Processo Seletivo 2011, divulgado nos dias 13 e 18 deste mês, demonstrou que, independente da classe social, condição de vida e da falta de recursos financeiros para a preparação, todas as pessoas estão aptas a superar os obstáculos e ter acesso ao ensino superior público e de qualidade oferecido pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
Neste sentido, destaca-se o desempenho alcançado pelos candidatos inscritos no sistema de reserva de vagas, adotado pela instituição desde 2004, em atendimento à Lei Estadual 15.259. Segundo dados da Secretaria Geral, em seis anos e meio desde a aplicação do sistema, 4.752 pessoas ingressaram na Unimontes como reservistas, sendo 2.552 pela categoria de egressos de escola pública, 2.074 afrodescendentes e 126 portadores de deficiência ou indígenas. No processo seletivo mais recente foram 300 aprovados.
PRIMEIRO LUGAR GERAL
Nos últimos seis meses, também freqüentou um cursinho pré-vestibular em Montes Claros, depois de ganhar bolsa integral de um colégio da cidade. Já havia sido aprovado em Odontologia também na Unimontes, mas a preferência era mesmo pela Medicina. A rotina de livros, cadernos e aulas até a conquista da vaga na Unimontes começava às 7 horas e terminava às 23h30. “É preciso que a pessoa foque seu objetivo e tenha determinação para alcançá-lo, derrubando quais barreiras sejam”, declarou o futuro médico, que tem 21 anos.
SONHO REALIZADO
Já nesta terça-feira (19), Ellen foi uma das primeiras pessoas a efetuar a matrícula. A visita ao campus-sede, agora na condição de acadêmica, segundo ela “foi como realizar um sonho”. De fato, a luta na preparação para o processo seletivo de meio de ano custou praticamente todo o tempo que teria para o lazer. Uma média de 14 horas diárias de estudo.
Ellen adquiriu o problema da baixa visão ainda antes de nascer. “Durante a gestação, minha mãe teve toxoplasmose e isso afetou a minha visão. Com oito meses de idade já usava óculos”, explicou a jovem, que também apresenta um quadro de miopia. Entretanto, a deficiência visual nunca foi motivo para se distanciar dos estudos. Todo seu material didático tem as fontes ampliadas. Residente no bairro Eldorado, região Noroeste de Montes Claros, a caloura cursou o ensino médio e fundamental sempre na Escola Estadual Maria da Conceição Rodrigues Avelar, no mesmo bairro. Ao final da terceira série, por indicação de um professor, foi beneficiada com uma bolsa integral em um cursinho da cidade.
“MEU ORGULHO”
Amanna, que reside na Vila João Gordo, região central de Montes Claros, integra uma família de quatro irmãos. Ela teve a oportunidade de se ingressar na Unimontes pelo processo de avaliação seriada (PAES), através do qual foi aprovada para o curso de Letras/Português, mas o objetivo era mesmo o curso de Direito. A futura advogada e uma de suas irmãs, um ano mais velha e que cursa Engenharia Florestal na UFMG, serão as primeiras em três gerações da família a concluir um curso superior. “Todo mundo fala que a Unimontes é o orgulho da cidade; agora será o meu orgulho”, finalizou.