Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes

Pesquisa sobre violência contra a mulher elaborada pela Unimontes é apresentada em congresso no Uruguai

Professora Maria Ângela Figueiredo Braga


co-autora da pesquisa sobre violência contra a mulher (foto: Alex Sezko)” class=”caption” alt=”ProfessoraMariaAngela destaque” style=”margin-right: 10px; float: left;” />A professora Maria Ângela Figueiredo Braga, do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), foi uma das participantes do III Congresso Uruguaio de Sociologia, realizado em Montevidéu, entre os dias 15 e 17 de julho, que teve como tema “Novos Cenários Sociais: Desafios par a Sociologia”. Ela apresentou o trabalho de pesquisa “Dramas, Feridas e Hematomas: sobre as múltiplas violências contra as mulheres e as mulheres contra as violências”.

O estudo foi desenvolvido em parceria com o acadêmico Mateus Henrique Bracarense Santana, do curso de Direito da Unimontes, e contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). A pesquisa é uma iniciativa do Grupo de Estudos e Pesquisas em “Metodologia, Violência e Criminalidade” (GMVC), vinculado ao departamento de Ciências Sociais e certificado pelo diretório de grupos de pesquisa do Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Conforme explica a professora Maria Ângela Braga, a pesquisa teve como objetivo “perceber como o coletivo anônimo dividiu os papéis sexuais e como esta relação de gênero é transposta nas políticas públicas de maneira a incentivar as denúncias por parte das mulheres contra a violência sofrida”.

DELEGACIA – Durante o estudo, foram distribuídos questionários junto às atendidas pela Delegacia de Prevenção da Violência contra a Mulher de Montes Claros. Houve, ainda, a análise de livros, periódicos, teses e outras publicações sobre os índices de violência de gênero. “O estudo também foi pautado nos processos de construção da feminilidade que, por meio de pesquisa qualitativa e quantitativa, abordou o contexto socioeconômico das vítimas”, descreve a pesquisadora, que também é diretora do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA/Unimontes).

RESULTADOS

Ao comentar sobre os resultados do estudo, a professora destaca: “A violência contra a mulher é reflexo de uma construção cultural baseada no patriarcado; não se restringe por classe social, etnia ou orientação sexual e, por isso, é impossível esboçar perfil único para a vítima ou limitar nichos para sua incidência. A capacidade de delatar o agressor, então, está ligada à incorporação das relações de gênero pelo sujeito, ou seja, o modo como a vítima expressa as suas percepções do universo e a forma que ela espera que os outros revelem a sua identidade”.

Ela salienta que, muitas vezes, as vítimas deixam de buscar apoio do Poder Público devido à própria submissão em que vivem. “A segregação dos espaços comuns e privados fez com que a vítima não se visse ou fosse vista como cidadã e atora social”. E completa: “A relação de dependência entre os gêneros por muito impediu a inclusão da agredida descrente quanto à eficácia da ação governamental, pois fora criada pelo imaginário da submissão e viu constantemente seus direitos básicos desrespeitados”. A pesquisadora conclui: “assim, às sombras de um discurso hierarquizado, a ofendida não consegue transpor suas experiências individuais em busca de auxílio público.