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Pesquisa da Unimontes propõe análise da saúde dos professores da educação básica

By DTI

October 17, 2016

Avaliar as condições de vida e saúde de professores da educação básica da rede estadual de ensino da zona urbana do município de Montes Claros, como forma de identificar a prevalência de fatores de risco para problemas crônicos e sua relação com as atividades docentes. Este é o objetivo do projeto de pesquisa “ProfSMoc”, constituído no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS), da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). O resultado do estudo servirá de subsídio para a adoção de políticas públicas voltadas para a melhoria das condições de saúde da categoria.

Coordenado pela professora doutora Desirée Sant’Ana Haikal, do PPGCS-Unimontes, a pesquisa epidemiológica conta com uma equipe multiprofissional composta por cerca de 30 integrantes, entre professores, alunos dos cursos de graduação (iniciação científica e estagiários), alunos de pós-graduação Stricto sensu (mestrados e doutorados) da universidade – além de profissionais voluntários. O projeto envolve docentes e acadêmicos das diversas áreas do conhecimento, entre as quais Educação Física, Enfermagem, Odontologia, Psicologia, Fonoaudiologia, Medicina e Biomedicina – na área da saúde. Também participam profissionais da Matemática, Estatística e da Engenharia.

COMO SERÁ

A proposta avalia 700 docentes atuantes em sala de aula (professores regentes) da educação básica, distribuídos em 30 escolas estaduais – selecionadas aleatoriamente. O projeto “Profsmoc” foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unimontes e recomendada pela 22ª Superintendência Regional de Ensino de Montes Claros (22º SRE).

A pesquisadora Desirée Haikal destaca que o projeto foi elaborado a partir da necessidade de maior conhecimento das condições de saúde dos professores da educação básica, com vistas à adoção de medidas para a melhoria das condições de trabalho. “É notória a ausência de dados epidemiológicos relacionados às condições crônicas de saúde de professores da Educação Básica, tornando difícil priorizar ações direcionadas à melhoria das condições de vida e de trabalho desses profissionais no campo das políticas públicas de saúde”, ressalta a coordenadora.

E completa: “entender a dinâmica de trabalho e de vida de professores revela-se fundamental ao se reconhecer a importância da educação no desenvolvimento da nação. Condições crônicas de saúde, tais como hipertensão arterial, diabetes mellitus, obesidade, síndrome metabólica, problemas cardiovasculares, câncer, transtornos psíquicos e de humor, dentre outras, são caracterizadas pela necessidade de acompanhamento contínuo dos indivíduos por parte dos serviços de saúde”, analisa a pesquisadora.

Segundo ela, tais condições representam a principal causa de mortalidade e são apontadas como as principais causas de adoecimento, faltas e afastamento precoce do trabalho junto aos professores.

METODOLOGIA DA PESQUISA

O estudo está sendo desenvolvido da seguinte forma: após agendamento prévio junto à diretoria de cada escola participante, integrantes da equipe “ProfSMmoc” apresentam a proposta e seus objetivos para os professores, convidando-os a participar voluntariamente. Os docentes que aderirem ao levantamento recebem um questionário que contempla os seguintes temas: perfil sociodemográfico e de formação profissional; satisfação com o trabalho; síndrome de Burnout, estresse laboral, alterações de humor, ansiedade e sintomas depressivos.

Também são feitos questionamentos sobre hábitos alimentares, uso de tabaco e álcool, realização de atividade física e lazer, uso/abuso da internet, autoavaliação do estado de saúde, qualidade de vida, capital social, uso dos serviços de saúde (consultas e exames), questões específicas sobre a saúde da mulher e do homem, e ocorrência de “morbidade autorreferida”.

Após preenchimento do questionário e sua conferência, iniciam-se avaliações física dos professores, incluindo aferição de variáveis antropométricas (peso, estatura, circunferência de cintura, circunferência de quadril), composição corporal obtida por bioimpedância, avaliação da pressão arterial, mensuração da força manual e análise acústica da voz. O professor participante recebe retorno imediato sobre tais aferições, com esclarecimentos sobre os achados relativos à sua saúde.

Todos os professores participantes recebem informações sobre suas condições de saúde e são estimulados a adotarem hábitos mais saudáveis. Aqueles que apresentam algum problema de saúde são devidamente referenciados para a rede de atenção à saúde. Para atender as demandas em saúde mental, parcerias foram estabelecidas com o serviço de psicologia do NASPP das Faculdades Pitágoras e com o serviço de psiquiatria da Policlínica Hermes de Paula, antiga FAMED-Unimontes. Todos os docentes participantes também recebem materiais informativos via e-mail ou via palestras/oficinas, com a abordagem de temas relacionados à saúde, qualidade de vida e ao trabalho docente.

CRONOGRAMA

A coleta de dados da pesquisa “ProfSMoc” foi iniciada em março de 2016 e deverá se estender até o final deste ano. Até o momento, já foram registrados dados de aproximadamente 450 professores de 22 escolas.

Conforme a coordenação, o banco de dados que está sendo elaborado permitirá inúmeras análises e publicações relacionadas à saúde física e mental dos professores e a seus modos de vida. Doutorados, mestrados e trabalhos de conclusão de curso (TCC) estão sendo conduzidos através da utilização desse banco de dados. Ao final da pesquisa, os resultados serão também divulgados junto à população e encaminhados à Superintendência Regional de Ensino e à Secretaria de Saúde do município de Montes Claros como forma de estimular e embasar políticas públicas direcionadas as necessidades identificadas.