A professora Maria das Dores Magalhães Veloso, do Departamento de Ciências Biológicas da Unimontes, será uma das palestrantes na audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, da Câmara dos Deputados, sobre a temática: “Situação das Veredas do Cerrado Brasileiro”. O evento está marcado para a próxima terça-feira (11), às 14 horas, no Plenário 8 da Casa Legislativa, em Brasília.
Doutora em Engenharia Florestal, a professora Maria das Dores é uma das pesquisadoras que integram o projeto “Vereda Viva”, desenvolvido com a participação de estagiários e alunos do mestrado em Biologia da Unimontes e que monitora o estado de preservação das nascentes e, ao mesmo tempo, os impactos de um dos mais importantes ecossistemas do Cerrado. Além disso, a iniciativa da Universidade realiza o plantio de mudas nativas.
A audiência será promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados em atendimento requerimento do deputado José Silva (SD-MG). O evento terá transmissão ao vivo pela internet e poderá contar com a participação de moradores de todas as partes do País, por intermédio do portal “e-Democracia”, ferramenta de interação da Câmara Federal com o público em geral.
O deputado José Silva destaca que o objetivo é analisar o grau de degradação das áreas de veredas no Norte de Minas e no Noroeste do Estado, regiões onde se concentram as nascentes de centenas de rios e córregos que formam a bacia do Rio São Francisco. A proposta é de buscar soluções para a preservação das águas. No requerimento da audiência, o parlamentar destaca que a pesquisa realizada pela professora da Unimontes revela que “70% das veredas estão ameaçadas de desaparecer em curto prazo”.
REPORTAGEM ESPECIAL
O repórter percorreu as veredas citadas no livro ao longo de 2,1 mil quilômetros em 12 municípios do Norte de Minas. Uma das áreas percorridas foi a região do Rio Urucuia, amplamente citada na obra de Guimarães Rosa.
Foi mostrada a situação do ecossistema seis décadas depois da obra-prima de Rosa, com abordagem dos impactos do desmatamento, assoreamento e queimadas nas nascentes, o que ameaça de extinção diretamente espécies nativas da flora e da fauna. Também mostram dezenas de famílias em diferentes locais que dispunham de muita água das veredas e, atualmente, sofrem as conseqüências da falta do recurso hídrico, pois as nascentes secaram e os rios pararam de correr.
“VEREDICTO TRÁGICO”
Com base nos levantamentos in loco e nas revelações da pesquisadora Maria das Dores Magalhães Veloso e das reportagens sobre a atual situação das nascentes – incluindo os dados do projeto de pesquisa “Vereda Viva” –, o requerimento enfatiza que, “ao longo de 60 anos, praticamente todas as veredas já sofreram algum tipo de impacto e várias estão completamente secas, resultado de incessante degradação. Danos que deixaram suas marcas nas dezenas de mananciais secos e no sofrimento de centenas de famílias e animais. O veredicto é trágico”.
“Vereda é o espaço brejoso ou encharcado que contém nascentes ou cabeceiras de cursos d´água, onde há ocorrência de solos hidromórficos, caracterizado predominante por ranques de buritis do brejo e de outras formas de vegetação típica. A obra Roseana despertou um olhar mais amoroso sobre esses Oásis do sertão”, descreve o autor do requerimento da audiência pública.
“No entanto, se há 60 anos existia fartura, há relatos de que hoje falta água. Nem mesmo o início do período chuvoso, prenúncio de recuperação dos cursos d água, guarda o mesmo significado no período que separa o lançamento do livro e os dias de hoje”, ressalta o deputado.
Também serão explanadores da audiência pública: Maurício Fernandes, coordenador da área técnica de Manejo de Bacias da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), Fernando Brito, chefe de gabinete da sede regional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf); e Rutílio Cavalcanti, prefeito de Urucuia.