Em julho de 2019, pelo terceiro mês consecutivo, Montes Claros teve um saldo positivo no mercado de trabalho, com 2.581 admissões contra 2.557 desligamentos. Outro dado mostra que, durante o período de um ano, foi observada a substituição de trabalhadores com mais de 30 anos por pessoas mais jovens, mas que passaram a receber remuneração menor. As firmas que mais contrataram foram as microempresas – com perfil de até quatro empregados.
Os dados são do boletim do Observatório do Trabalho do Norte de Minas (OTNM), da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), que visa analisar o comportamento do mercado de trabalho formal em Montes Claros e na região, acompanhando a dinâmica econômica tanto regional como geral. O OTNM é uma ação do Grupo de Estudos e Pesquisas em Administração (Gepad) do Departamento de Ciências da Administração.
De acordo com o levantamento, das 2.581 admissões ocorridas na cidade em julho, 57,4% foram do sexo masculino e 42,6% do sexo feminino. Quanto aos desligamentos, dos 2.557 casos registrados, 58,2% foram do sexo masculino e 41,8% do sexo feminino.
COMPARATIVO REVELA LEVE AUMENTO
Segundo o boletim, houve um crescimento dos postos de trabalho em Montes Claros de 0,26% em relação ao mesmo mês de 2018. Por outro lado, o movimento das contratações e desligamentos foi superior a 15%, recuperando as quedas ocorridas nos dois meses anteriores.
A pesquisa do Departamento de Ciências da Administração da Unimontes mostra que no Norte de Minas o crescimento do mercado de emprego em julho foi positivo, porém, inferior, às demais mesorregiões do Estado.
“Isto aconteceu em decorrência dos baixos números observados em Montes Claros, principal cidade da região”, diz o relatório. A participação do Norte de Minas no saldo total de postos de trabalho gerados no Estado é de 5,2%.
PERFIL
Segundo o estudo do OTNM/Unimontes, o perfil com melhor resultado em julho na relação entre admissões e desligamentos em Montes Claros foi constituído por homens e mulheres na faixa de 18 a 24 anos com ensino médio completo. O grupo também é formado por pessoas dispostas a receber remuneração entre 0,51 e 1 salário mínimo mensal.
A maioria dos homens foi contratada por empresas do setor de serviços e da indústria enquanto a maioria das mulheres foi admitida por empresas da área de serviços.
Quanto às perdas de postos de trabalho, o perfil com o pior resultado foi constituído por homens com mais de 25 anos e mulheres com mais de 30, que não tinham o ensino médio completo. Já 30,4% desses trabalhadores desligados tinham mais de dois anos de vínculo com as respectivas empresas.
O ensino superior completo apresentou um saldo negativo, principalmente, em virtude dos desligamentos de profissionais com mais de 40 anos. Estes trabalhadores ganhavam entre 1,5 e 4 salários mínimos e trabalhavam, principalmente, em pequenas empresas do comércio e no caso dos homens também da agropecuária.
ELAS EM ALTA
A pesquisa da Unimontes também revela o bom desempenho das mulheres no preenchimento das vagas de emprego. Segundo os responsáveis pelo estudo, a evolução dos saldos do emprego formal em Montes Claros possibilita perceber que dos 180 novos postos de trabalho abertos no trimestre maio/junho/julho de 2019; 160 foram ocupados por mulheres, notadamente jovens, com boa escolaridade e dispostas a receber salários mais baixos.
Nos 12 meses anteriores a agosto, 1.303 postos ocupados por trabalhadores com mais de 30 anos foram realocados para trabalhadores mais jovens e 1.051 vagas de pessoas que recebiam salários superiores a 1,5 salário-mínimo foram realocadas para trabalhadores que passaram a receber até 1 salário mínimo.
“Observa-se também que o setor do comércio e as pequenas e médias empresas com até 49 trabalhadores, são os que mais vêm perdendo postos de trabalho”, diz o boletim do Observatório do Trabalho do Norte de Minas, coordenado pelos professores Roney Sindeaux e Rogério Martins Furtado.