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Pedagogia do Campo: educação inclui o homem do meio rural

By DTI

August 05, 2011

A formação de educadores voltados para a atuação nas escolas do meio rural, com observância aos aspectos diferenciados dos locais onde vivem. Esta é a proposta do Curso de Licenciatura em Pedagogia do Campo – Educampo –, oferecido pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) em parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg). As ações integram o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).

O Pedagogia no Campo conta com 50 alunos, oriundos de 27 áreas de assentamento e oito projetos de agricultura familiar, de 18 municípios das diversas regiões mineiras. Eles passaram por uma seleção específica, avaliados através de critérios que deram prioridade aos assentados da reforma agrária e de projetos de agricultura familiar. Ao concluir a graduação, estarão aptos para a docência no Magistério da Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e Gestão Escolar da Educação Básica, podendo atuar também na supervisão escolar.

Iniciado em dezembro de 2008, o Educampo se estenderá até dezembro de 2012, totalizando 3.950 horas/aula. É organizado em um processo contínuo de tempos e espaços diferenciados: tempo escola (TE), dedicado às aulas na universidade, que acontece nos períodos de férias letivas; e tempo comunidade (TC), que equivale à vivência dos acadêmicos nos próprios assentamentos e projetos de agricultura familiar, no restante do ano.

MÓDULO ATUAL

O curso Pedagogia no Campo chegou ao sexto módulo do tempo escola, iniciado em 4 de julho e que será encerrado neste sábado (7 de agosto), no campus-sede da Unimontes. Ao todo, serão oito módulos até dezembro de 2012. Nas atividades nos assentamentos, os alunos recebem visitas periódicas de equipe de professores da universidade.

“A proposta do Educampo é desenvolver um trabalho de formação humana e intelectual, em que os acadêmicos possam integrar a pesquisa e o ensino por meio da teoria e da prática, estimulando a construção do conhecimento, numa perspectiva interdisciplinar”, observa a professora Maria Aparecida Queiroz, coordenadora do Pronera no âmbito da Unimontes, juntamente com a professora Maria ngela Lopes Drumond Macedo.

A professora Maria Aparecida Queiroz lembra que o curso conta com disciplinas ligadas diretamente ao modo de vida no campo, como meio ambiente e sociologia rural. “A partir da especificidade das questões da Educação do Campo, desenvolvemos uma formação que articula os saberes da experiência com os saberes produzidos nas diferentes áreas do conhecimento científico, preparando educadores para uma atuação profissional que vá além da docência e dê conta da gestão dos processos educativos que acontecem na escola do campo e no seu entorno”, comenta a coordenadora.

ESTÍMULO PARA O APRENDIZADO

Uma das participantes do Pedagogia no Campo é Dilma Vieira de Aquino Silva, de 46 anos, que atua como professora do ensino fundamental no Assentamento “2 de Julho”, no município de Olhos D´Água (Norte de Minas). Ele salienta que o curso é um estímulo para que todos os assentados sintam de perto a importância da educação na melhoria de suas vidas. “Mas, na minha avaliação, o curso representa a oportunidade de atualização de conhecimentos”, revela Dilma. “Já fazia algum tempo que eu não entrava na sala de aula como aluna. A experiência está sendo muito gratificante”, completa.

A aluna Ivone Lopes de Almeida, que faz parte do Projeto de Assentamento (PA) Betinho/Barragem do Bambu, no município de Engenheiro Navarro, enaltece o valor do projeto para inclusão social dos moradores da zona rural. “Com esse curso, o homem do campo passa a ser visto como um cidadão da sociedade, em condições iguais de direitos e deveres da mesma forma do morador da área urbana”, afirma Ivone. Ela destaca, ainda, a importância da iniciativa para conservar o homem do campo em seu lugar de origem.

O Educampo conta com a participação de duas irmãs: Edinaura Soares da Silva, 28 anos, e Maria Edna Pereira da Silva, 26, que desenvolvem ações no Assentamento da Fazenda Serrador, no município de Francisco Sá. “Estou adquirindo novos conhecimentos, que vão dar um novo sentido para minha vida”, afirma Edinaura. Já Maria Edna ressalta a oportunidade de concluir o curso superior em Pedagogia do Campo. “Com certeza, esse cursos vai contribuir muito para meu crescimento pessoal e profissional”, acredita a aluna.