Delegada da Mulher, Karine Maia Costa, durante palestra a servidoras do HUCF (fotos: Wesley Gonçalves/HUCF)

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“Papel de vitimismo não cabe mais; é preciso denunciar”, afirma delegada em palestra no HUCF

By Ana Elisa Carvalho de Navarro

May 16, 2019

Por dia, pelo menos 20 mulheres são vítimas de alguma violência na cidade 

Na Semana em que se comemora o Dia das Mães, o Hospital Universitário promove uma série de atividades para lembrar a data. Nessa quarta-feira (15), como convidada a delegada da Mulher, Karine Maia Costa, ministrou palestra aos servidores do HU sobre o tema “Violência contra a Mulher”, evento que foi considerado como um diálogo bastante esclarecedor sobre o tema. A palestra aconteceu no auditório Sabedoria e Humildade “Professor Robson Vieira Porto”. 

Em Montes Claros, de acordo com dados apresentados pela Delegacia da Mulher de Montes Claros, aproximadamente 20 mulheres foram vítimas de alguma violência por dia na cidade somente este ano. Uma média de 4 a 5 medidas protetivas/dia e mais de 3.500 procedimentos em andamento. 

LEIS – Karine Maia atua na área há 17 anos e comanda a Delegacia da Mulher deste a implantação da especializada, em 11 de março de 2013. Durante a palestra, ela destacou os avanços e conquistas da mulher desde o direito ao voto até as leis mais atuais, como “Maria da Penha” e do “Feminicídio”, entre outras.

“Devemos focar nas mulheres e não mais aceitar o papel de coitadas e de vitimismo, pois isso não nos leva a nada. A história nos mostra que o patriarcal e o machismo vem de longos anos de submissão dos direitos das mulheres como objetos dos maridos. Não vivemos mais naquela época, evoluímos e não podemos mais aceitar este discurso para todos os tipos de violência que as mulheres enfrentam, sejam psicológicas ou físicas” pontuou a policial civil.

E completou: “não podemos mais ter medo de denunciar os agressores, pois eles não podem ficar impune”, destacou a delegada, incentivando as servidoras para uma mudança no comportamento. “As mulheres precisam impor seus limites desde o primeiro grito do companheiro, do primeiro sinal de humilhação, de submissão ou de agressão física. Todos nós precisamos do básico que é o respeito e a relação saudável. É preciso ter coragem e a obrigação de não aceitar a violência como algo comum”, destacou a delegada. 

VIOLÊNCIA EM NÚMEROS 

“Somos um hospital referência no acolhimento e assistência às pessoas em situação de violência. É o nosso dever sempre estar informados sobre as mudanças nas leis, nos protocolo de atendimento, para trabalharmos na perspectiva social de atendimento mais humanizado, dentro do ambiente hospitalar”, explica Príscilla Izabella de Menezes, superintendente do HUCF. Ela ressaltou a importância da mulher e da mãe nos desafios do dia a dia, com enfrentamento, coragem e atitude para denunciar e buscar valer os direitos. 

“O Brasil é o 7º país mais violento neste tipo de crime. Precisamos mudar esta realidade. A sensação de impunidade hoje não é como antigamente. As leis estão mais severas e a forma de denúncia está mais acessível às vítimas. Sempre denunciem pelo 180 ou direto na Delegacia da Mulher”, conclama a delegada.