Suplementos alimentares. Você precisa? Os riscos devem ser conhecidos e avaliados.
Por Gislaine Cândida Batista Jorge- Nutricionista
As vendas de suplementos alimentares no país cresceram em média 27% no último ano, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Produtos Nutricionais (ABENUTRI). É crescente e abusivo o consumo de suplementos, sobretudo por indivíduos que frequentam academias.
O principal motivo é a busca por um ganho rápido de massa magra (muscular) e perda de peso corporal (gordura). No entanto, esse vai além, e serve também para complementar os nutrientes que não se consegue absorver, ou, normalmente, não está presente na alimentação diária. Ao mesmo tempo em que ajudam, esses suplementos também podem fazer mal à saúde, caso sejam utilizados de maneira incorreta.
É muito importante esclarecer que existe diferença entre suplemento alimentar, medicamentos para perda de peso e anabolizantes. Para a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), no Brasil, os suplementos alimentares liberados são compostos por nutrientes (carboidratos, proteínas e lipídeos etc.) e esses são prescritos por nutricionistas ou médicos.
Existem vários tipos de suplementos, mas os mais comuns são compostos, basicamente, por proteínas – normalmente com baixo teor de gordura, para que não se torne muito calórico.
A indicação, em geral, desses suplementos são para atletas, pois a atividade física deverá ser ideal para que haja a resposta fisiológica desejada.
Todavia, quem toma o suplemento deve ter um objetivo específico, porque nem sempre o que ajuda a ganhar massa muscular funciona da mesma maneira para perder medidas.
O ideal é que um plano alimentar balanceado em todos os nutrientes seja proposto por profissional habilitado. Em alguns casos, bem específicos, pode se fazer necessária a prescrição de suplementos.
Um dos suplementos mais questionados durante as consultas, no ambulatório de Nutrição Clínica, tem sido os termogênicos, que potencializam a termogênese, processo regulado pelo sistema nervoso que leva à transformação da glicose e da gordura em energia. Dizer que o simples consumo de alimentos e suplementos termogênicos levará à eliminação da gordura, portanto, não é verdade. Eles apenas aceleram o metabolismo aumentando o gasto calórico de processos que, naturalmente, já realizam essa queima.
Existem dois tipos de termogênicos: os naturais e os industrializados. Os naturais são aqueles que se apresentam da mesma forma como são encontrados na natureza, como é o caso do termogênico que obtemos comendo pimenta vermelha, gengibre dentre outros. “Os industrializados, por sua vez compreendem apenas o princípio ativo termogênico concentrado dentro de uma cápsula”.
Alguns efeitos tornam a ingestão de termogênicos contraindicada para pessoas que sofrem de hipertensão arterial, arritmia cardíaca, ou que têm histórico de infarto, entre outros problemas. O mesmo é válido para a cafeína quando consumida pelos hipertensos. Nesse sentido, suplementos com ação termogênica se tornam ainda mais perigosos por oferecer os princípios ativos mais concentrados.
Alerta para a saúde
A prescrição de suplementos alimentares deve ser verificada em conjunto com os demais nutrientes que constituem o plano alimentar, levando em consideração as recomendações diárias para cada pessoa em relação ao seu estado de saúde e sua atividade física. Deve se evitar o excesso de oferta de proteínas ao organismo, pois essas podem acarretar graves problemas nas funções dos rins. Outros efeitos indesejados são o suor excessivo, insônia, dor, cansaço e aceleração do batimento cardíaco.
Também é possível que ocorra ganho excessivo de peso, principalmente quando a pessoa toma o suplemento e não faz exercícios o suficiente para queimar toda a energia consumida. O mesmo acontece se o indivíduo consumir os suplementos sem uma proposta alimentar adequada – o consumo de calorias pode exceder.
Fármacos para emagrecer e anabolizantes são medicamentos que só podem ser prescritos por médicos, para casos específicos.
Importante!
Em 2012, a ANVISA alertou sobre alguns suplementos que estavam sendo importados livremente, mesmo não sendo liberados para comércio no Brasil. A ANVISA proibiu a importação da substância dimethylamylamine (DMAA). O DMAA é encontrado na composição dos seguintes produtos: Oxielite Pro, Jack3D e Lipo-6 Black. Essa substância pode causar dependência, insuficiência renal, falência do fígado, alterações cardíacas e pode até levar à morte.
O ideal é sempre procurar um especialista antes de começar a consumir qualquer suplemento alimentar.
Fontes:
http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/anvisa+portal/anvisa
HTTP://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBCM/article/viewArticle/3298