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Núcleo de Estudos Sismológicos da Unimontes divulga estudo sobre tremores de terra no Norte de Minas

By DTI

February 03, 2017

Publicações serão mensais; região foi, ao lado da Metropolitana, a de maior incidência de abalos em Minas no ano de 2016

Durante o ano de 2016, foram  registrados  34 tremores de terra naturais no Norte de Minas. No entanto, a intensidade dos abalos não foi significativa em termos de danos em estruturas residenciais, tendo em vista que todas as ocorrências foram com magnitudes abaixo de 2.5 na Escala Richter –perceptíveis, em sua maioria, com o uso de aparelhos específicos. Minas Gerais foi o estado com o maior número de ocorrências de eventos sísmicos no Brasil no ano passado. Foram 88 registros em praticamente todas as mesorregiões do Estado.

Estes dados fazem parte do primeiro Boletim Sísmico do Norte de Minas, apresentado nesta semana pelo Núcleo de Estudos Sismológicos (NES), da Universidade Estadual de Montes Claros. Em 2017, a Unimontes divulgará um periódico eletrônico mensal sobre as ocorrências de abalos, especialmente na mesorregião Norte de Minas. As informações podem ser acessadas no site do Centro de Estudos de Convivência com o Semiárido (CECS): www.cecs.unimontes.br.

Além de dar maior visibilidade à produção científica da Unimontes relacionada à sismologia, com o mapeamento e espacialização destes fenômenos, a proposta do Boletim visa esclarecer junto à comunidade regional quais as causas naturais e as incidências dos tremores. Além disso, colabora com os segmentos que atuam diretamente com o monitoramento de eventos naturais, como a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros, além de outros organismos afins.

Acesse

“Esta é uma iniciativa que atende à população do Norte de Minas que, há algum tempo, convive com estes fenômenos naturais”, explica Maykon Fredson Freitas Ferreira, mestre em Geografia pela Unimontes e responsável pela análise de sismograma no NES. O Núcleo é vinculado ao Departamento de Geociências da Unimontes e coordenado pelo professor doutor Expedito José Ferreira, com o apoio da Reitoria .

NÚMEROS

Dos 34 abalos naturais registrados no Norte de Minas em 2016, quinze ocorreram na área do município de Jaíba – recorde de registro em um só local no estado de Minas Gerais neste período. “Mais de 70% destes registros são abaixo dos 2.0 de magnitude na Escala Richter,na maioria das vezes imperceptíveis na superfície”, contextualiza Maykon.

Outros nove municípios norte-mineiros aparecem no relatório do NES com registros de tremores de terra ao longo de 2016, conforme o Boletim: Bocaiuva, Cônego Marinho, Coração de Jesus, Ibiaí, Itacarambi, Januária, Mirabela, Matias Cardoso e Montes Claros. Mas,da mesma forma, segundo Maykon Ferreira “foram de baixa magnitude”, entre 0.2 e 2.3 na escala Richter. Na mesorregião norte-mineira, abril foi o mês do ano com o maior número de registros: sete.

ESTADO

Em Minas Gerais, nos 88 abalos naturais registrados em 2016, 36 deles ocorreram em municípios próximos a Belo Horizonte – Mesorregião Metropolitana. Também foram registrados tremores nas mesorregiões do Sul de Minas (4), Triângulo (4), Vale do Jequitinhonha (3), Vale do Rio Doce (3), Campo das Vertentes (2) e Zona da Mata (1) – além dos 34 registros do Norte de Minas. Os abalos mais intensos foram em Esmeraldas, com 3.7 na Escala Richter, no dia 2 de maio de 2016; Funilândia (3.5 de magnitude, em 11 de abril) e Sete Lagoas (3.2, em 24 de março).

O primeiro registro oficial de abalo em Minas Gerais data de 1º de janeiro de 1824, em Caxambu (Sul), com 3.2 de magnitude. Desde então, o Estado teve 738 ocorrências oficiais de abalos, sendo nove deles acima dos 4 pontos na Escala Richter, o que pode causar algum tipo de dano estrutural.

O tremor mais grave em Minas Gerais ocorreu em 9 de dezembro de 2007, em Itacarambi, Norte de Minas, com 4.9 de magnitude, que culminou na primeira morte no Brasil em decorrência de um abalo sísmico. Uma criança faleceu depois da queda de uma parede da casa onde ela morava, na comunidade de Caraíbas, na zona rural de Itacarambi. A  precária estrutura da moradia teve interferência no fato.

ESTRUTURA

Com base nos trabalhos iniciais associados à sismologia e que foram desenvolvidosa partir do tremor de 4.2de magnitude em Montes Claros, registrado em 19 de maio de 2012, a Unimontes, Governo do Estado e parceiros como a UnB e a USP atuaram juntos na efetivação do Núcleo de Estudos Sismológicos, implantado em agosto de 2014.

Os sucessivos tremores registrados emMontes Claros, mesmo baixa magnitude (abaixo de 1.9 pontos), estão associados à existência de uma falha geológica de um a dois quilômetros de profundidade próxima ao perímetro urbano, na região da Vila Atlântida e do Parque Estadual da Lapa Grande.No início dos trabalhos, a falha foi monitorada a partir da instalação temporária de nove sismógrafos em diversos pontos da área urbana e da zona rural.

Atualmente, sob coordenação da Unimontes, Montes Claros conta com dois sismógrafos na geração de dados, 24 horas por dia. A estação instalada no Parque da Lapa Grande, região Norte de Montes Claros, por exemplo, transmite os dados em tempo real para a sede do NES. A outra funciona numa propriedade particular, às margens da BR-135, no sentido Januária. Em 2015, a ação do NES/Unimontes foi selecionada para apresentação no “Inova Minas”, evento estadual realizado em Belo Horizonte, que teve como foco a aplicação de inovações tecnológicas associadas à pesquisa em Minas Gerais.

Com recursos da ordem de R$ 185 mil, os equipamentos e os acessórios sismográficos do NES/Unimontesforam importados da Inglaterra e do México, com financiamento pelo Governo de Minas Gerais, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), com o apoio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sedectes).

Nestes dois primeiros anos do Núcleo, tem sido fundamental a cooperação técnico-científica da Unimontes com as duas principais instituições brasileiras nos estudos sobre sismologia: Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (Obsis/UnB) e o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (IAG/USP). A partir dessas parcerias, a Unimontes integra como co-participe da UnB a Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), que envolve, também, a USP, o Observatório Nacional (do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

“O apoio e a parceria dessas instituições são estratégicos e, ao mesmo tempo, imprescindíveis para a realização deste trabalho no Norte de Minas”, atesta o professor Expedito José Ferreira, coordenador do NES/Unimontes. Os cursos de Geografia (Montes Claros e Pirapora) e o Mestrado em Geografia da Unimontes também têm participação importante nos estudos sobre sismologia. Por sua vez, o professor Lucas Barros, da UnB e uma das maiores autoridades do País em sismologia, ressalta a importância do Núcleo: “A Unimontes está gerando conhecimento e fomentando a capacidade investigativa de seus profissionais. O Núcleo está no lugar certo: dentro de uma universidade, que assume o seu papel na sociedade acerca das ocorrências de abalos”.

O Boletim produzido pela Unimontes revela, também, o histórico de registros dos chamados “sismos artificiais”, que são as detonações de pedreiras em Montes Claros. Todas estas ações precisam ser notificadas junto à Defesa Civil Municipal – justamente para o monitoramento, especialmente quanto ao horário, local e magnitude.