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Inspirada na linguagem do grafite, exposição “O Mundo de Maya é destaque no ambiente virtual do Museu Regional

By Christiano Lopes Jilvan

April 19, 2021

Autor Cleiton Cruz está na terceira parceria com o MRNM e, neste novo trabalho, revela conflitos entre passado e presente e inspirações na Filosofia Hindu e no universo de Platão

Uma reflexão sobre a sociedade atual, os encontros com o passado e questionamentos ao futuro. Esta linha de tempo é proposta na nova exposição virtual lançada na última sexta-feira (16/4), nas redes sociais do Museu Regional do Norte de Minas, vinculado à Universidade Estadual de Montes Claros (MRNM/Unimontes). Os trabalhos expressionistas da mostra “O Mundo de Maya Decifra-me ou te devoro” são assinados pelo artista plástico montes-clarense Cleiton Cruz.

São 23 telas com duas inspirações pontuais: a filosofia Hindu e o pensamento platônico. Cleiton também é historiador. O autor resume a provocação que o trabalho faz como uma indagação “às distorções físicas que surgem pela incessante busca do ser humano atrás da materialidade”. As consequências estão nas desigualdades sociais, na degradação do homem com doenças físicas e mentais e nas ameaças ao meio ambiente e à cultura.

Segundo ele, a técnica nesta mostra foi baseada na linguagem do grafite que, ao lado de um grupo de artistas, o vem inspirando nas intervenções em que participa na Associação dos Grupos de Catopês, Marujos e Caboclinhos de Montes Claros. O trabalho faz parte do projeto “Morrinhos em Cores” e os elementos reproduzidos nas paredes da sede da entidade são os próprios catopês, caboclinhos, marujos e os santos da Igreja Católica.

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INSPIRAÇÕES FILOSÓFICAS

O termo Maya é parte da filosofia Hindu, referente à deusa representante “do mundo material que aprisiona os homens em um véu de ilusão”. Da mesma forma, são os prisioneiros do livro “A República de Platão” – acorrentados ao fundo de uma caverna que acreditam nas sombras projetadas nas paredes.

“No sistema de produção em que vivemos, ter bens materiais é sinônimo de felicidade e sucesso, mas esse pensamento é, na verdade, é uma prisão de ilusões”, descreve o autor, ao justificar que os personagens retratados nas telas fazem parte de um contexto histórico-sociocultural que associa passado, presente e futuro.

A organização, produção e montagem da exposição é assinada pela historiadora do MRNM, Karine Dias. O diretor do MRNM, professor José Roberto Lopes de Sales, lembra que a agenda de exposições segue em planejamento e reforça a disposição da Unimontes em dar oportunidade aos artistas locais, como afinidade à sua missão em valorizar os talentos e costumes regionais.

TERCEIRO TRABALHO

Esta é a terceira exposição autoral que Cleiton Cruz faz em parceria com o Museu Regional. Em 2019, ele apresentou o trabalho “Cores e Faces do Sertão Mineiro”, com 19 telas sobre o cotidiano de Montes Claros, personagens de Guimarães Rosa e as tradicionais Festas de Agosto. No ano passado, foi lançada a exposição virtual “Dançantes em Agosto”, com 17 obras inspiradas nos personagens dos festejos folclóricos da cidade.

Além de artista plástico, Cruz é historiador graduado pela própria Unimontes e ilustrador, técnica que começou a desenvolver ainda na infância. Trabalha como Guarda Municipal, integra o terno da 1ª Marujada de Montes Claros como contramestre e coordena o ateliê com o próprio nome, no Bairro Nossa Senhora de Fátima. Outro projeto paralelo está no resgate da tradição interrompida há 30 anos, com a confecção de 100 máscaras utilizadas pelos marujos em suas indumentárias nas tradicionais festas de agosto, na cidade.

No próximo dia 24, Cleiton Cruz acompanha o lançamento do livro de literatura infantil “A Princezinha Surda”, do qual foi o ilustrador. Para maio, a previsão é para a apresentação de mais duas obras infantis com sua participação, com a temática da cultura folclórica popular.