Como referência no diagnóstico, tratamento e estudos de casos sobre a Leishmaniose Visceral (LV) para o Norte de Minas, o Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF) tem sido determinante para a funcionalidade do Leishcare, um aplicativo (“app”) desenvolvido por pesquisadores para a avaliação dos casos da doença – conhecida popularmente como “Calazar”.
O “app” é resultado de amplo estudo realizado pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e pelo Instituto René Rachou, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Como parceira, a Unimontes teve 12 médicos e residentes da equipe do HUCF como participantes da pesquisa na “avaliação de gravidade dos casos, registro e acompanhamento de lesões cutâneas e guias atualizados de manejo das leishmanioses”.
A aplicação desta tecnologia na saúde integra a pesquisa “Otimização do Diagnóstico Precoce e Manejo de Indivíduos com Leishmaniose Visceral em Áreas Endêmicas – com Diferentes Perfis de Transmissão e Endemia”, coordenada pela professora doutora Luciana de Almeida Silva Teixeira, da UFTM.
O financiamento é da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e o projeto monitora também dados em Paracatu (Noroeste do Estado) e Lavras (Sul de Minas).
Sobre a participação da Unimontes, a doutoranda em infectologia da UFTM Priscilla Elias Ferreira da Silva enalteceu o trabalho do professor e pesquisador Sílvio Fernando Guimarães de Carvalho, referência internacional nas pesquisa sobre o Calazar. “Não podemos deixar de agradecer, em caráter especial, a equipe do professor Sílvio Guimarães, referência na área com suas importantes pesquisas que muito contribuem para um diagnóstico mais rápido Leishmaniose Visceral”, enfatizou Priscilla.
O aplicativo resulta da dissertação de mestrado profissional em Inovação Tecnológica do pós-graduando Gerson Fonseca. O projeto é orientado pelo professor e pesquisador da área de Engenharia, David Calhau, do Instituto de Ciências Tecnológicas (ICTE) da UFTM.
TESTES
Além do aplicativo, o projeto engloba o teste sorológico DAT/LPC, que foi desenvolvido pelo pesquisador Edward Oliveira, do Laboratório de Pesquisas Clínicas do Instituto René Rachou/Fiocruz. Para Montes Claros foram encaminhados 10 kits do teste. Cada um é suficiente para avaliar 80 amostras de soro em pacientes com suspeita clínica da Leishmaniose Visceral.
“Em trabalhos anteriores, o DAT-LPC apresentou alta sensibilidade e especificidade no diagnóstico laboratorial da doença. Agora, com esta pesquisa desenvolvida em Montes Claros, Paracatu e Lavras, queremos mostrar ao Ministério da Saúde que a viabilização comercial do DAT-LPC poderá tornar o diagnóstico laboratorial da LV mais rápido”, ressaltou o pesquisador.
Outro ponto importante da parceria com o HUCF nos 18 meses da pesquisa está na colaboração de médicos e de residentes. “Estamos em uma região endêmica [Norte de Minas] e o HUCF é referência. Não teria como fazer essa pesquisa, que visa avaliar a percepção do uso do aplicativo e do teste rápido diagnóstico DAT/LPC, sem a parceria dos profissionais do HUCF que participaram de forma voluntária”, afirmou Priscilla Ferreira, doutoranda em Medicina Tropical e Infectologia.
Ela esteve visitando o HUCF ao final de maio, ao lado do pesquisador Edward Oliveira, para recebimento dos relatórios e avaliações com os 12 médicos que participam da pesquisa.