Um projeto na área de câncer bucal desenvolvida pelo professor André Luiz Sena Guimarães, do curso de Odontologia e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), está entre os estudos contemplados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) no âmbito do Programa Pesquisador Mineiro (PPM) – sexta edição. Em seu total, o edital beneficia 192 pesquisadores de universidades e institutos de pesquisa com recursos da ordem de R$ 8 milhões para o desenvolvimento de projetos de pesquisa.
O trabalho científico da Unimontes analisa as “variantes polimórficas G1790A e C1772T do gene HIF-1 α e da imunolocalização das proteínas VEGFR2 e MMP9 em amostras de líquen plano e Leucoplasia bucal”. O valor aprovado para a pesquisa é de R$ 48 mil. O projeto tem como objetivo observar se a variação no gene HIF pode também aumentar a angiogênese em lesões com potencial de malignização e, consequentemente, favorecer o aparecimento do câncer.
“O câncer de boca é um termo genérico para várias doenças neoplásicas malignas que acometem a boca. O principal tipo é o carcinoma de células escamosas, que apresenta altas taxas de mortalidade no Brasil”, explica o professor André Luiz Sena Guimarães, que destaca que estudos genéticos são de suma importância “para identificar variações do genoma humano e compará-las com características das doenças.
“Recentemente, nosso grupo demonstrou que uma variação em um gene que se Chama HIF facilita a metástase (“dispersão” do câncer) através da formação de vasos sanguíneos e também aumenta o risco de morte. Porém, neste trabalho, foram avaliados pacientes que já tinham câncer e que poderiam desenvolver a metástase”, relatou o pesquisador.
O pesquisador com o estudo contemplado pela Fapemig enfatizou ainda que, geralmente, antes do câncer se desenvolver aparecem as lesões com potencial de malignização. A principal lesão se chama Leucoplasia – uma mancha branca na boca que não se solta facilmente. A outra é o Líquen Plano – “existe uma grande polêmica se esta lesão se transforma em câncer de fato”, acrescenta o professor André Luiz.
“Nem toda lesão com potencial de malignização se transforma em câncer; a taxa de transformação varia de 0.13 a 2.2% ao ano e ainda não existe nenhum exame que mostre qual lesão se transformará em câncer”, finalizou.
FASE DA PESQUISA
O estudo produzido pela Unimontes agora está direcionado em analisar quais proteínas se associam à angiogênese tumoral (formação de novos vasos sanguíneos que desenvolvem na periferia dos tumores) para tentar descobrir novos possíveis agentes terapêuticos moleculares para o câncer bucal. “Essas biomoléculas podem impedir a formação de uma proteína e, consequentemente, a ação da mesma. Porém, fazer com que o microRNA terapêutico atue somente nas células cancerosas ainda se encontra em um caminho com inúmeros pontos a serem esclarecidos”, esclareceu o professor.
O trabalho de pesquisa é coordenado pelo professor André Luiz e conta com o apoio de outros professores da Universidade Estadual de Montes Claros, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), do Max Delbruck Center For Molecular Medicine (MDC), de Berlim (Alemanha) e da Midwestern State University, na cidade de Wichita Falls/Texas (EUA), respectivamente, os professores Alfredo Mauricio Batista de Paula, os pós-doutorados Luciano Marques da Silva e Lucyana Conceição Farias, Ricardo Santiago Gomez e Sérgio Henrique Souza Santos, Michael Bader e Bruno Correia Jham.