Notícias

Estudo sobre pobreza no Brasil será apresentado em Congresso de Compostela, na Espanha

By Christiano Lopes Jilvan

May 30, 2019

Pesquisa foi elaborada por mestrandos em Desenvolvimento Econômico, avalizada por professores do Reino Unido e Suécia e revela que ¼ dos brasileiros vive com renda familiar menor que R$ 400,00 –

Paulo Ricardo da Cruz e Jéssica Soares são dois dos mestrandos autores do estudo selecionado para apresentação na Espanha (Foto: Christiano Jilvan | Ascom)

A produção científica da Universidade Estadual de Montes Claros estará em destaque na Conferência sobre Relacionamentos, Complexidade do Conhecimento e Desenvolvimento Econômico, do Institute for New Economic Thinking, programada para os dias 3 e 4 de junho, em Santiago de Compostela (Espanha). Trata-se de pesquisa elaborada no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Econômico e Estratégia Empresarial (PPGDEE/Unimontes), que identifica os efeitos da renda per capita e do “Coeficiente de Gini” no número de pessoas consideradas pobres dos estados brasileiros após a implantação do Plano Real (em 1994).

Desenvolvido entre o início de 2018 e março de 2019, o estudo intitulado “Poverty in Brazil: A statistical analyse about the states” (Pobreza no Brasil: a Análise Estatística nos Estados) tem como base de dados relatórios do Banco Mundial e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA-Data).

A autoria é dos mestrandos Jéssica Pereira Soares, Raiane Benevides Ferreira e Paulo Ricardo da Cruz Prates, como parte dos estudos na disciplina “Econometria Aplicada”, ministrada pela professora doutora Maria Elizete Gonçalves e que apresenta no âmbito do mestrado “os diversos métodos estatísticos que um pesquisador pode usar como ferramentas para dar maior robustez e confiabilidade aos estudos”.

“Os resultados obtidos na pesquisa indicaram a importância da distribuição renda para a redução da pobreza nos estados do Brasil. Logo, um aumento de 1% na renda dos estados brasileiros, reduz a pobreza em aproximadamente 41% (o que mostra uma relação negativa) desde o período da implantação do Plano Real até os dias atuais”, explica o mestrando Paulo Ricardo Prates. Ainda conforme o autor, o Banco Mundial estima que cerca de 50 milhões de brasileiros (25,4% da população) vivem na linha de pobreza e têm renda familiar menor ou equivalente a R$ 387,07.

Ainda segundo Paulo, “o Coeficiente de Gini é, na verdade, é um índice que mede o grau de concentração de renda e aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de zero a um (alguns apresentam de zero a cem). Este, por sua vez, revela que a cada aumento do nível de concentração de renda aumenta o número de pobres nos estados brasileiros”. E justifica: “o crescimento econômico acompanhado de uma menor concentração de renda é peça fundamental para atingir níveis cada vez menores de pobreza”.

Na elaboração do estudo, os mestrandos utilizaram o método de análise de dados em painel, que permite verificar os estados brasileiros ao longo do tempo. O Distrito Federal não foi considerado.

Para ser apresentada em exposição no evento na Espanha, a pesquisa foi aprovada pelos professores doutores Neave O’Clery (da Universidade de Oxford/Reino Unido), atualmente pesquisadora sênior no Instituto de Matemática e referência mundial em temas associados ao desenvolvimento econômico e ao surgimento de complexidade para sistemas urbanos; e Martin Henning, da área de Geografia Econômica da Universidade de Gotemburgo (Suécia) e com atuação em temas associados à Mudança Econômica Estrutural e Mobilidade do Trabalho.

Na abertura das atividades em Compostela, o Institute for New Economic Thinking, por meio do YSI (Young Scholars Initiative), promoverá uma pré-conferência sobre “Relacionamentos, Complexidade do Conhecimento e Desenvolvimento Econômico em Cidades e Regiões”. O YSI, da qual os mestrandos da Unimontes fazem parte, é uma comunidade internacional de jovens estudantes de pós-graduação formada por mais de 8,7 mil pessoas em 125 países e que propõe a integração de pesquisas consideradas de alto nível.