A Universidade Estadual de Montes Claros comemora 23 anos como autarquia estadual. Em 21 de setembro de 1989, foi promulgada a Constituição Mineira, que transformou a Fundação Norte Mineira de Ensino Superior (FUNM) na atual Unimontes. A estadualização foi resultante de uma luta que mobilizou toda a comunidade acadêmica e as lideranças regionais, sendo um dos acontecimentos mais importantes da história da universidade, que está comemorando 50 anos de existência em 2012. Um dos participantes do processo de estadualização foi o então assessor jurídico da Constituinte Mineira, o atual governador Antonio Augusto Anastasia.
Os momentos marcantes da estadualização da antiga FUNM – criada pela Lei Estadual 2.615, de 24 de maio de 1962 – são recordados pelas pessoas que participaram diretamente do processo para a conquista da universidade pública e gratuita.
“Estivemos à frente de um projeto grandioso, que envolveu muitas pessoas. Ao final, tivemos a felicidade de atingir o objetivo e consolidar uma universidade pública no Norte de Minas Gerais, que foi sonhada pelos seus idealizadores em 1962 e que demandou quase três décadas de dificuldades, barreiras, incompreensões e sacrifícios”, afirma o professor José Geraldo de Freitas Drumond, diretor da instituição na época da estadualização e que se tornou o primeiro reitor da Unimontes eleito pelo voto direto da comunidade acadêmica.
PRIMEIRO DOCUMENTO
“Fizemos uma convocação da sociedade civil para se discutir quais seriam as opções para o futuro da FUNM, com uma grande assembleia realizada no auditório do Colégio Imaculada Conceição, que contou a participação de representantes da comunidade acadêmica e de lideranças políticas. Ao final da assembleia, ficaram duas propostas para serem trabalhadas: a federalização ou a estadualização, sendo escolhida esta última”, lembra Drumond.
Ele relata que, logo após a instalação dos trabalhos da Constituinte Mineira, foi formado um grupo da instituição norte-mineira que desempenhou um esforço concentrado na Assembléia Legislativa. Foi apresentada uma emenda de autoria do então deputado estadual Milton Cruz, subscrita por outros parlamentares norte-mineiros, e aprovada em plenário, transformando a antiga Fundação Norte Mineira de Ensino Superior na atual Unimontes. “Foi uma vitória não somente da nossa instituição, mas de toda região, que resultou do trabalho e do esforço de um grupo de abnegados. Como resultado desse trabalho, a instituição foi estadualizada e veio todo o desenvolvimento da Universidade, que, hoje, é conhecido”, avalia José Geraldo Drumond.
“GRANDE LUTA”
Atual reitor, o professor João dos Reis Canela destaca que, de fato, a transformação da antiga Fundação Norte Mineira de Ensino Superior na Universidade Estadual de Montes Claros foi um dos mais importantes acontecimentos da história do ensino superior. “Sem dúvida, a estadualização da nossa instituição foi uma das maiores conquistas, não somente da comunidade acadêmica, mas de todas as regiões onde a universidade está inserida”, observa João Canela.
TRABALHO COLETIVO – Um dos integrantes do grupo de trabalho que desenvolveu o trabalho coletivo na Assembleia Legislativa durante a Constituinte de 1989 para que fosse votada a proposta de transformação da antiga fundação na universidade pública foi o professor Ruy Paulo Klassmann. Na mesma ocasião, ele exercia o cargo de diretor adjunto de Planejamento e Finanças da FUNM. Ela ressalta que a instalação da Constituinte Mineira surgiu como uma alternativa para a estadualização da instituição.
“A antiga fundação crescia em serviços, mas não aumentava suas receitas. Ela chamou para si a responsabilidade da condução do ensino superior no Norte Minas, mas enfrentava a falta de condições financeiras. A federalização era uma possibilidade, mas estava distante. Aí, com a oportunidade da elaboração da Constituição Mineira, surgiu a estadualização como alternativa mais acessível”, descreve Ruy Klassmann, que também já foi pró-reitor de Planejamento, Gestão e Finanças da Unimontes.
Ele ressalta que existia uma discrepância em Minas Gerais, com a falta do ensino superior público na maior parte do Estado. “Isso favoreceu para que os deputados constituintes pudessem caminhar rumo à estadualização da antiga FUNM. O que coube aos dirigentes do ensino superior da região naquela época foi liderar esse projeto, que foi bem sucedido”, observa.
Ruy Klassmann recorda que, além de Milton Cruz e de outros parlamentares que integravam a bancada norte-mineira na Assembléia Legislativa, diversas pessoas contribuíram com a transformação da antiga FUNM na Unimontes. Ele cita os nomes dos ex-secretários estaduais da Casa Civil (Gerson de Brito Mello Bóson, já falecido) e de Educação (Gamaliel Herval). “Mas, um conselheiro estratégico que ajudou muito a Unimontes foi o professor Antonio Augusto Anastasia. Ele era professor da Fundação João Pinheiro e consultor jurídico da Constituinte Mineira. O doutor Antonio Augusto Anastasia orientou o ordenamento jurídico da universidade, ajudando a definir como ficaria a estrutura docente e administrativa e o plano de carreira dos servidores”, destaca.
A professora Ilva Ruas recorda que foi formada uma comissão especial para tentar convencer os deputados estaduais a votarem a favor do projeto da criação da Universidade Estadual de Montes Claros. Além dos ex-reitores José Geraldo de Freitas Drumond e Paulo César Gonçalves de Almeida e do professor Ruy Paulo Klassmann, participaram da comissão o professor Antonio Jorge (in memorian) e as professoras Maria Cleonice Souto de Freitas, Cibele Veloso Milo, Ruth Tolentino Barbosa e Lúcia Teixeira, entre outras pessoas. “Fomos a cada um dos 77 gabinetes da Assembleia Legislativa para convencer os deputados sobre a importância da nossa universidade. Assim, conseguimos a estadualização da FUNM e surgiu a Unimontes, que compreende na maior conquista que a nossa região já teve”, conclui Ilva Ruas.