Considerado um dos ícones da história cultural de Montes Claros, a vida do político e seresteiro Nivaldo Maciel Araújo, popularmente conhecido pelo seu famoso “aboio de vaqueiro sertanejo”, está sendo retratada no livro “Nivaldo Maciel – Encontros de Vida e Arte”. A obra, de autoria das professoras Marta Verônica Vasconcellos Leite e Raiana Maciel do Carmo, será lançada pela Editora Unimontes nesta sexta-feira (10/02), às 20 horas, no auditório da Escola Estadual Professor Plínio Ribeiro.
O evento integra as comemorações dos cinquenta anos da Unimontes e reforça o compromisso da editora da Universidade em divulgar a produção científico-literária de Montes Claros e do Norte de Minas, além de valorizar os escritores regionais.
O livro é resultado de uma pesquisa realizada no âmbito da universidade (A herança artístico-cultural do seresteiro, político e repentista Nivaldo Maciel – 1920-2009) que reúne significativo acervo documental e fotográfico sobre sua vida. Dentro desse projeto está incluída também a exposição apresentada pela universidade no ano passado, por ocasião do projeto “A Gosto da Unimontes”, realizado no Casarão da Fafil.
Em 184 páginas, a obra é dividida em duas partes distintas. A primeira, de autoria da professora Marta Verônica, contém um relato da vida política de Nivaldo, a árvore genealógica da família Maciel e depoimentos de familiares e amigos. Conta, ainda, com episódios que marcaram a vida do político e seresteiro, como o pedido feito ao então presidente da República Artur da Costa e Silva, em Brasília, em 1967, de asfaltamento da BR-135 (trecho entre Curvelo e Montes Claros). À época, Nivaldo Maciel integrava o grupo de serestas João Chaves e fez a reivindicação logo após a apresentação para o presidente e comitiva. “Foi um dos momentos que comprovam o amor que Nivaldo tinha pela sua cidade e região”, lembrou Marta Verônica.
Na segunda parte do livro, escrita pela professora Raiana Maciel do Carmo, é feita uma retrospectiva da vida musical do homenageado com abordagem de sua atuação como seresteiro, cantador e radialista. É destacada também a sua paixão pela viola sertaneja e os aboios dos vaqueiros guiando gado no sertão. “Nivaldo Maciel participou da criação do grupo de serestas João Chaves, que ganhou notoriedade em suas apresentações, levando as tradições musicais de Montes Claros a se tornarem referência no País”, lembrou a professora Raiana Maciel.
Nivaldo Maciel Araújo, de origem rural, nasceu em Montes Claros em 1920 e faleceu em 2009, aos 89 anos de idade. Foi político, seresteiro e cantador. Através da música tornou-se conhecido popularmente por seu inconfundível “aboio” e se destacou em vida como uma das personagens mais importantes para a cultura montes-clarense, através de participação nas tradicionais cavalhadas, grupos de música e festas agropecuárias. Como ex-vereador, notabilizou-se pelo legado à educação, através da implantação de escolas municipais nos diversos distritos do município.
AS AUTORAS
A professora Marta Verônica Vasconcelos Leite possui graduação em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC – Minas (1980) e especialização em História da Arte e Metodologia do Ensino Superior pela Unimontes. É também graduada em Turismo e Desenvolvimento Regional pelas Faculdades Integradas Pitágoras e Mestre em Educação pelo Instituto Superior Pedagógico Enrique José Varona (Cuba (2000). Ela é ainda presidente da Academia Feminina de Letras de Montes Claros e integra o Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros. Atualmente, Marta Verônica é professora de Unimontes e coordenadora do Grupo de Estudos Memória, Patrimônio e Museologia do Núcleo de História e Cultura Regional (Nuhicre).
Já a professora Raiana Maciel do Carmo – também neta de Nivaldo Maciel – é graduada em Artes/Habilitação em Música pela Unimontes, Mestre em Música na área de concentração em Etnomusicologia, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Doutoranda em Música na área de concentração Etnomusicologia, pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp). Atua no ensino superior como docente nas áreas de Educação e de Música e, além disso, é membro do Grupo de Estudos “Música Étnica e Popular – Brasil/América Latina” (Unesp), tendo trabalhos publicados em eventos internacionais, nacionais e regionais.