Este sábado (04/03) é dedicado ao alerta e à conscientização sobre a obesidade, um problema que tem afetado grande parte da população e modificado radicalmente hábitos e comportamentos sociais. Nesta data é comemorado o Dia Mundial da Obesidade.
A questão é abordada médico Vinícius Cândido de Souza Mota, especialista em controle da obesidade e emagrecimento e diretor Assistencial do Hospital Universitário Clemente de Faria, da Universidade Estadual de Montes Claros (HU-Unimontes), “Precisamos entender que a obesidade é uma doença sistêmica, que, hoje, é encarada como um problema de saúde pública. A data é importante como um marco de conscientização para o fato e que causa consequências metabólicas no paciente”, afirma o especialista.
De acordo com a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é o excesso de gordura corporal, em quantidade que determine prejuízos à saúde. Uma pessoa é considerada obesa quando seu Índice de Massa Corporal (IMC) é maior ou igual a 30 kg/m2 e a faixa de peso normal varia entre 18,5 e 24,9 kg/m2. Os indivíduos que possuem IMC entre 25 e 29,9 kg/m2 são diagnosticados com sobrepeso e já podem ter alguns prejuízos com o excesso de gordura.
O médico Vinícius Cândido ressalta que o excesso de gordura tende a causar alterações de glicemia (glicose) e pressão arterial, entre outros fatores, que, a longo prazo, além de impactar a qualidade de vida do paciente, têm se associado ao aumento dos casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e de infartos. “Existem casos de pacientes que sequer conseguem levantar da cama por conta do próprio peso do corpo. A estrutura óssea não suporta mais”, explica o médico e diretor Assistencial do Hospital da Unimontes.
Outro fator a ser considerado hoje em dia, devido ao avanço das discussões sociológicas, é a gordofobia que vem sendo uma das pautas mais levantadas quando nos referimos à obesidade. “A gordofobia é uma realidade na nossa sociedade. E não só a exclusão do paciente obeso de forma consciente pelas pessoas, mas, também, uma gordofobia estrutural. Por exemplo, a acessibilidade é muito difícil em locais públicos, ônibus urbanos, auditórios e aviões não estão nem são preparados para receber as pessoas obesas”, observa Vinicius Cândido.
Ele assinala, porém, que os aspectos relacionados à gordofobia não eximem a responsabilidade dos pacientes de se cuidarem de se tratarem. “A sociedade precisa se preparar para recebê-lo, porque isso não é uma vontade do paciente obeso, de ser obeso, mas permanecer como obeso, sim, pode ser uma escolha”, relata o especialista do Hospital da Unimontes.
TRATAMENTO DA OBESIDADE
O médico Vinícius Cândido lembra que existem vários tipos de tratamento e condutas que devem ser buscados pelo paciente que enfrenta o problema da obesidade. “Primeiramente, deve-se procurar ajuda profissional. A obesidade tem tratamento de diversas abordagens, até mesmo com medicamentos. Porém, culturalmente, a doença é encarada como uma culpa do obeso. É importante que esse tratamento seja multiprofissional, com pessoas ligadas à educação física, à psicoterapia, à fisioterapia e à nutrição”, orienta.
“Tão importante quanto isso, é o paciente obeso evitar expectativas grandes, porque ele não tem que esperar, a princípio, óbvio, um corpo magro como objetivo. O melhor é que ele foque em metas de peso, diminuindo gradativamente em 5%, 10% do peso inicial, porque aí, a quebra de expectativas não ocorre e não gera frustrações nem desistências do tratamento”, conclui o especialista.
A Organização Mundial de Saúde também recomenda a prevenção da obesidade como fator fundamental para enfrentar a doença. A orientação é ter uma dieta saudável, evitando alimentos ultraprocessados, praticar atividades físicas e tratar doenças que podem levar a essa condição, como, por exemplo, o hipotireoidismo.
OBESIDADE AFETA 1 BILHÃO DE PESSOAS NO MUNDO, DIZ OMS
De acordo com a OMS, em todo mundo mais de 1 bilhão de pessoas são afetadas pelo excesso de peso. Esta situação fez a entidade chamar atenção dos governos dos países a desenvolverem projetos de lei para controle e prevenção.
No Brasil, o Ministério da Saúde estima que 60% dos adultos tem excesso de peso, e um a cada quatro indivíduos figuram quadros de obesidade. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, o número de pessoas obesas no país chegou a 41 milhões no ano de 2020.