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Da realidade à publicação científica: a experiência Fepeg na vida acadêmica

By DTI

November 10, 2017

Tirar a ideia do papel e transformá-la em artigo ou pesquisa acadêmica. Até aí tudo bem, certo? No âmbito da experimentação acadêmica, para os “cientistas de primeira viagem”, a tarefa pode parecer complicada, mas com o tempo a experiência se torna prazerosa; uma rotina. “É preciso navegar”, diria o poeta Fernando Pessoa. Percorrendo os corredores de apresentação de pôsteres na 11ª edição do Fórum de Ensino, Pesquisa, Extensão e Gestão (Fepeg), os acadêmicos confrontam ideias e percebem que as transformações da observação corriqueira são possíveis por meio do experimento acadêmico, da orientação dos professores e das referências teóricas.

As sessões de apresentação de trabalhos científicos, na quadra 2 do Centro Esportivo Universitário “Reitor João Valle Maurício”, produzidos por graduandos, mestrandos e doutorandos teve sequência na quinta e sexta-feira (9 e 10/11), com espaço para as temáticas relacionadas à área de extensão, pesquisa e de ensino – especialmente para bolsistas do PIBID. E foi pela via da observação da realidade que alunos do curso de Medicina das Faculdades Integradas Pitágoras, parceiros da Unimontes, foram provocados a ter uma nova postura no ambiente em que atuam como estagiários.

Colegas de sala, o trio Petrônio Gabriel, Clara de Oliveira Costa e Enzo Pacelli fizeram diferente. Motivados a transformar a humanização no atendimento do PSF do Bairro Canelas, fizeram rifas na comunidade para conseguir recursos que auxiliaram na mudança da convivência com os pacientes. “O estímulo dos professores, a orientação de literatura e a pesquisa são extremamente importantes, mas o convívio com a realidade é o que nos motiva a ter uma nova postura como futuros médicos”, indica Pacelli.

“VÍCIO ENCARCERADO”

A três metros do banner dos futuros médicos, outro trabalho chamou a atenção. Entender o “Uso do tabaco e a poluição ambiental: um recorte sobre o tabagismo ativo e passivo nos ambientes do cárcere” foi a rotina durante dois meses da enfermeira Juliana Pereira Alves, mestranda em Cuidado Primário em Saúde pela Unimontes. A mestranda conciliou a experiência profissional – atuando dentro do presídio – para produzir o trabalho.

“Os números são muito interessantes e merecem ser aprofundados”, disse um dos avaliadores, que observou com cautela a exposição. Ela tem razão.

O artigo expõe um problema crônico de saúde nos presídios em Montes Claros. A pesquisa ouviu quase 400 detentos, em oito pavilhões, e aponta que a presença do tabaco atinge de 43% a 83% da população carcerária. “Um dos pontos da pesquisa analisado aponta que, quanto maior é a escolaridade dos detentos, menor é o índice de fumantes. A conclusão que está no trabalho é que precisamos adotar hábitos saudáveis e ter um olhar diferenciado em relação aos presídios”, ponderou a enfermeira.

Web e as aulas do futuro

Vídeos publicados na internet em ambientes digitais como YouTube, Vímeo e Modlle (plataforma de apoio à aprendizagem) impulsionaram consideravelmente a maneira como as pessoas aprendem e se comunicam. Da geração Baby Boomer, Hermes Paulo Cordeiro de Souza, acadêmico e bolsista do curso de Letras/Português da Unimontes, não titubeou ao se inscrever na oficina de produção de videoaulas, ministrada por professores e acadêmicos do Núcleo Educar/Unimontes. “Pela ligação com a informática e o contato precoce com a internet, rapidamente me inscrevi. Em dois dias, recebi instruções sobre planejamento, roteiro, criação e compartilhamento de conteúdo em vídeo”, comemorou o acadêmico.

“É uma ótima oportunidade pra aprender também. Temos o conhecimento técnico. A partir daí, apresentamos os critérios, requisitos, como tratar imagens e a importância do trabalho em equipe”, acrescenta a acadêmica do 6º período de Engenharia de Sistemas da Unimontes, Alice Layara Almeida Campos.

Vinho, isotônico, atletas e saúde bucal: tudo a ver

Mais uns passos pelo campus e chega-se ao prédio 6. Na sala 110-A, uma turma de futuros dentistas participa de uma oficina sobre “Lesões Cervicais não-cariosas”, ministrada pelo professor PhD em Epidemiologia Molecular, mestre e doutor em Ciência da Saúde, Danilo Cangussu Mendes. “Importante abordar o problema no Fepeg, pois há pouca literatura sobre o assunto, que afeta cerca de 1/3 da população jovem, de 20 a 29 anos, bem como 2/3 da população idosa, acima dos 60 anos. Na maioria dos casos, o próprio dentista não diagnostica e diferencia uma lesão de uma cárie. Trata-se de saúde pública”, comenta o professor.

Atenta à exposição do professor, Falyne Pinheiro de Oliveira, acadêmica do 4º período de Odontologia, explica que não percebeu o tema na grade do curso e decidiu participar para entender como é feito o diagnóstico, as causas e o tratamento.

“Aprendi que há uma incidência dessas lesões a partir da ingestão de bebidas como vinhos e isotônicos, situações de tensão e causam também o desgaste do esmalte dentário. Como futuros profissionais é importante atenção para esses cuidados”, disse. Clara Braga Pires, acadêmica do 7º período, teve uma visão diferente da oficina. Isso porque o tema foi apresentado à acadêmica um semestre antes, mas “decidi participar da oficina pois quis rever o conteúdo”, disse.

Sentimento de dever cumprido entre os participantes e idealizadores do Fórum. O Fepeg termina nesta sexta-feira (10) com um saldo positivo. No total, foram mais de 4 mil participantes inscritos, com 2,3 mil trabalhos científicos, sendo que 1,3 mil foram selecionados para apresentação.