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Colóquio revela legados que o futebol produz muito além do campo e da arquibancada

By Christiano Lopes Jilvan

November 08, 2019

Professor Leandro Batista durante mesa redonda; foram dois dias de Colóquio (Fotos: Christiano Jilvan)

Não é apenas futebol. Cada vez mais comum, o jargão é utilizado para mostrar tudo o que está por trás no cotidiano da modalidade mais popular do mundo, seja numa Copa do Mundo, no Campeonato Brasileiro ou mesmo numa simples disputa de pés descalços em campinhos de terra.

Foi esta a inspiração para promover durante dois dias, no campus-sede da Universidade Estadual de Montes Claros, o I Colóquio sobre Estudos do Futebol e do Torcer. Com mesas redondas, conferências e rodas de bate-papo, o evento mostrou o lado social, humano, filosófico, histórico e científico do “esporte bretão”. A promoção fez parte do 13º Fórum de Ensino, Pesquisa, Extensão e Gestão (FEPEG), na quarta (8) e quinta-feira (7/11).

“Você trabalha com percepções e começa a entender como o futebol interfere na vida das pessoas”, explicou o professor Thiago José Silva Santana, convidado da UFMG para uma das mesas redondas do evento. Segundo ele, a profundidade da paixão impressiona, desde os gastos incalculáveis para manter a paixão ou mesmo para extremos como a violência.

Já Leandro Batista Cordeiro, professor doutor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri (UFVJM), apresentou relatos do estudo que fez sobre como os torcedores mineiros conseguem manter o vínculo com os clubes do coração mesmo morando bem longe da terra. Dentre os entrevistados, cruzeirenses e atleticanos que residem hoje na Inglaterra, Austrália e Portugal, por exemplo e que, mesmo em culturas e fusos-horários diferentes, conseguem manter o vínculo com suas paixões.

Sérgio Settani, professor doutor da Unicamp, é um dos fundadores do Ludopédio, um portal eletrônico que compila uma série de estudos produzidos em universidades sobre o mundo do futebol. São 51 colaboradores de 26 universidades brasileiras, entre as quais a Unimontes, por meio do próprio Observatório do Futebol e do Torcer – realizador do Colóquio.

Com espaço para divulgar livros, resgatar revistas históricas e fotografias mundo afora, apresentar entrevistas, monografias, dissertações e TCCs sobre o futebol, Settani revelou, ainda, que o site é um ponto de encontro. Já foram formatados, por exemplo, diversos fatos que só seriam acessíveis numa pesquisa ora. “Não há qualquer chance de a pessoa imaginar que só vale o que a academia produz. Não somos intocáveis. O que fizemos foi mobilizar grupos para concentrar, de forma mais organizada, o que o futebol gera como estudo e pesquisa”.

O evento teve a coordenação dos professores Georgino de Souza Neto, Ildenílson Meireles e Danilo Barcelos.

Acadêmicos na equipe de organização do Colóquio