A Escola Hospitalar Ciranda da Vida (EHCV), do Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), vinculado à Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), comemora 20 anos na próxima quinta-feira (12/12). Durante esse período, a unidade tem transformado a rotina da Pediatria do HUCF, proporcionando um ambiente mais acolhedor para crianças de 0 a 12 anos internadas e seus acompanhantes. Estima-se que cerca de 20 mil pessoas tenham sido beneficiadas pela escolinha ao longo dessas duas décadas.
A EHCV está situada em um espaço anexo à Pediatria, com playground ao ar livre, brinquedoteca, sala de aula e secretaria. As crianças podem sair temporariamente dos leitos ou da antessala do Pronto-Socorro, onde aguardam exames, para participar das atividades. Já aquelas com quadros mais graves, que não podem deixar os leitos, recebem visitas periódicas da equipe da EHCV. Por meio de uma abordagem lúdica, a equipe proporciona conforto e esperança, mesmo diante das adversidades.
Marcos Antônio Pereira Coutinho, mecânico de Capitão Enéas, acompanha sua filha Marília, de 12 anos, internada para tratar anemia falciforme. “Acho a escola muito boa, porque brinco e faço atividades. Os professores são muito legais”, diz Marília. Seu pai destaca que a escola hospitalar faz com que a filha se sinta mais à vontade, mesmo estando doente.
A escola funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, com atividades diversificadas. Coordenada pela pedagoga Vilma Oneide Dias, a equipe é composta por três estagiárias do curso de Pedagogia da Unimontes e uma técnica universitária. O dia começa com visitas aos leitos para acolher as crianças e apresentar as atividades da EHCV.
Pela manhã, as atividades abordam temas transversais, como higiene, meio ambiente, trânsito e datas comemorativas, adaptando-se à rotina hospitalar, mais movimentada nesse turno. A escolarização QUE ocorre à tarde, é feita com planejamento curricular conforme o nível de aprendizado de cada criança. A equipe mantém contato com as escolas de origem para alinhar o trabalho pedagógico e garantir que disciplinas como Matemática, Ciências e Português sejam ministradas de acordo com o estágio de cada aluno.
Para Janne Kelle Gonçalves, supervisora escolar e mãe de Riquelme, de seis anos, a experiência com a EHCV tem sido enriquecedora. “É muito interessante, principalmente porque eles mantêm a rotina escolar”, afirma, enquanto acompanha o filho em recuperação de uma cirurgia no braço.
A avaliação na EHCV é formativa e contínua, com foco no desenvolvimento das crianças, de forma que, ao retornarem à escola de origem, elas não apresentem grandes perdas. A proposta é ampla, aproveitando todos os materiais produzidos e considerando os erros como oportunidades de aprendizado.
A EHCV oferece um cuidado biopsicossocial, buscando ressignificar o ambiente hospitalar para que as crianças sejam tratadas de forma integral, além da doença, valorizando suas potencialidades. Situações que envolvem questões familiares ou problemas extras escolares também são trabalhadas pela equipe.
A boa relação entre a EHCV e a equipe da Pediatria é destacada por profissionais, como a enfermeira Larissa Gusmão e a pediatra Anne Carolina Bicalho Fagundes, que ressaltam os impactos positivos da escolinha no tratamento das crianças. Para a pediatra, “não fosse a escola, as crianças ficariam restritas ao leito. Só o fato de saírem para uma área aberta, com atividades programadas, já contribui muito para a recuperação.”
As ações da EHCV estão amparadas por legislações como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e a Lei 13.716/2018, que garante atendimento educacional a alunos internados para tratamento de saúde em hospitais ou em casa.