“Esta é uma oportunidade da qual não abrimos mão de subir ao palco e mostrar o nosso trabalho com a certeza de que outros municípios podem desenvolver projetos iguais ao nosso: cidadania, disciplina e compromisso a partir da música”. O depoimento é do maestro e professor Valdir Alves, de 38 anos, que há doze faz parte da Banda de Corporação Musical Homero Maciel, de Turmalina-MG, uma das atrações nos primeiros dias de atividades do 3º Festival de Inverno de Grão Mogol – Circuito Lago de Irapé.
A Banda faz parte da história de Turmalina, município do Vale do Jequitinhonha, desde o século XIX. “Os primeiros registros são de 1840 e com a mesma proposta de envolver jovens”, acrescenta Alves, que fez a disposição no palco com 26 crianças e jovens entre 13 e 17 anos. A formação completa, que segue a rotina de ensaios e apresentações pelo Estado afora, tem quase 60 integrantes.
Com instrumentos de percussão, de sopro e de metais, a Banda se apresentou no Festival de Inverno pelo segundo ano consecutivo a convite da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e da Prefeitura de Grão Mogol-MG, parceiras na realização do Festival. Na abertura do evento, em solenidade no Presépio Natural Mãos de Deus, os 26 integrantes tiveram a oportunidade de executar o Hino Nacional Brasileiro.
Logo em seguida, em apresentação na Praça Coronel Janjão, o público pôde acompanhar um repertório bem eclético, com variações de Milton Nascimento, Lulu Santos, Roberto Carlos a Milionário & José Rico, além de clássicos internacionais dos Beatles, Bob Marley, Guns ´N Roses, Michael Jackson e Pink Floyd, dentre outros. O “cardápio musical” é definido por sugestões do público e pela afinidade dos integrantes, além do gosto musical do próprio maestro, que foi guitarrista de banda de rock.
INSTRUMENTISTA
“Não sabia tocar nenhum instrumento, muito menos ler uma partitura, mas como o meu pai é músico passei a fazer parte da banda para saber tocar algum instrumento como ele”, revela o jovem trompetista Mike Silva.
O maestro Valdir Alves destaca que o projeto existe a partir de recursos de subvenção do município e com o apoio do Estado. “Os talentos são garimpados ou mesmo espontâneos. Estão aí, mas é importante que as pessoas façam por onde revelá-los. A banda tem esta missão e, chegar ao Norte de Minas, além de abrir portas para mostrar o nosso trabalho, espero que sirva de incentivo para que as outras cidades também tenham iniciativas como a da Euterpe”.
Segundo Valdir, há registros entre os pequenos músicos de déficit de atenção e que foi superado com a prática da música.
De fato, a ideia prosperou. Valdir também é regente da Banda Filarmônica Santa Cruz, da cidade de Chapada do Norte, distante 46 quilômetros de Turmalina.