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Alerta sobre a ameaça ao cerrado marca abertura de Colóquio

By DTI

April 23, 2014

A necessidade de preservação do cerrado, a inclusão social promovida pela universidade e a valorização das comunidades tradicionais foram destacadas durante a solenidade oficial de abertura do III Colóquio Internacional sobre os Povos e Comunidades Tradicionais, terça-feira (22/04) à noite, na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). O evento prossegue até sexta-feira (25/04), com debates, palestras, apresentação de trabalhos científicos, mostra de cultura e feira de artesanato.

Com o tema central “a contribuição dos povos e comunidades tradicionais para outro desenvolvimento”, o encontro é promovido pela Unimontes, por intermédio da coordenação do Programa de Pós-Graduação Stricto sensu em Desenvolvimento Social (PPGDS), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Conta, ainda, com diversos parceiros como o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg).

Durante a solenidade oficial de abertura, realizada no auditório Mário Ribeiro da Silveira (prédio 6 do campus-sede), a pró-reitora de Extensão Marina Ribeiro Queiroz representou o reitor João dos Reis Canela e enalteceu a importância do colóquio internacional para a valorização dos povos tradicionais, que incluem quilombolas, vazanteiros, indígenas e comunidades do cerrado. Ela ressaltou que, ao promover o colóquio, a Unimontes cumpre a sua missão como universidade de integração regional.

“Este evento é a concretização de um sonho de pessoas que têm ideologia. Com ele, a universidade cumpre o seu papel na promoção da inclusão social”, afirmou a pró-reitora. Ela lembrou que a Unimontes desenvolve ações afirmativas e destacou o sistema de cotas, que contempla afrodescendentes, egressos de escolas públicas comprovadamente carentes, indígenas e portadores de deficiências.

Também participaram da solenidade o pró-reitor adjunto de Pesquisa, professor Mário Marcos do Espírito Santo; e o coordenador do Programa de Pós-Graduação Stricto sensu em Desenvolvimento Social, professor Rômulo Soares Barbosa, que deu boas-vindas aos participantes e agradeceu aos parceiros.

ALERTA AO CERRADO

Logo após a abertura oficial, aconteceu mesa-redonda sobre “A Contribuição dos povos e comunidades tradicionais para outro desenvolvimento”. Mediado pelo professor Rômulo Soares Barbosa, o debate contou com a participação do coordenador do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA/NM), Braulino Caetano dos Santos, como representante dos povos e comunidades tradicionais. Ele chamou atenção para processo de degradação do cerrado.

“Estamos vivendo um momento de muita pressão em cima do cerrado. Pois, ele é um bioma que tem muito interesse para o agronegócio por ter muita água”, disse Braulino. Ele afirmou que, por conta do interesse do agronegócio e grandes investidores, moradores das áreas do cerrado estão “encurralados” ou expulsos dos seus locais de origem e ficam sem opções para o cultivo que garante a sua sobrevivência. “As comunidades tradicionais estão sendo massacradas”, disse.

O coordenador do CAA/NM lembrou que é preciso maior apoio às comunidades tradicionais e aos moradores do campo, a fim de que possam produzir alimentos e se manterem. “Para nós do campo, não basta apenas receber cestas básicas. Precisamos de condições para produzir e levar comida para a cidade”, disse Braulino Caetano.

Outro debatedor da mesa redonda foi o antropólogo Aderval Costa Filho, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele fez um resgate das lutas dos povos e comunidades tradicionais de Minas Gerais, especialmente do Norte de estado. Além das lutas e conflitos, abordou a Lei Estadual 21.147, que institui a política estadual para o desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades tradicionais de Minas Gerais, publicada em 15 de janeiro deste ano.

MESAS REDONDAS

O III Colóquio Internacional sobre os Povos e Comunidades Tradicionais teve continuidade na manhã desta quarta-feira, pela manhã, com os debates e apresentação de trabalhos científicos. As atividades aconteceram no auditório do Prédio 1 do Campus Universitário, focalizando o tema “Identidade, Território e Cultura”. De acordo com a programação, outros temas em debate durante o dia são: “Educação e saberes tradicionais” (à tarde) e “O Estado Brasileiro e os povos e comunidades tradicionais: impasses e desafios” (à noite).

Para a manhã desta quinta-feira está prevista a mesa redonda “Sociobiodiversidade e sustentabilidade”. Na parte da tarde estará em discussão o tema “Economias’, com apresentações de trabalhos científicos e relatos de comunidades tradicionais. Às 18 horas, haverá a mesa redonda de encerramento com o debate “Das raízes aos frutos – O novo lugar dos povos e comunidades tradicionais”. Paralelamente às atividades científicas acontecem mostras de cultura e feira de artesanato.

Nesta sexta-feira, haverá experiência de campo com visita ao Assentamento Americana, no município de Grão-Mogol. A saída do Campus Universitário está marcada para as 7 horas, com retorno previsto para as 16 horas.