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Abertura do Seminário Nacional de Pesquisa em Literatura discute: “O livro impresso vai acabar”? Especialista diz que não…

By DTI

October 17, 2017

O livro, no formato impresso, vai acabar? Esta pergunta foi colocada em discussão na abertura do IX Seminário Nacional de Pesquisa em Literatura e Criação Literária, nessa segunda-feira (16/10) à noite, na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Iniciativa do Programa de Pós-Graduação em Letras/Estudos Literários, o evento aborda como tema central “Crimes na Literatura – Tradição, Performances, Mídia. A programação se estende até esta quarta-feira (18/10).

A solenidade de abertura, realizada no auditório do prédio 6, foi presidida pelo reitor, professor João dos Reis Canela, que cumprimentou os organizadores e destacou a melhoria da qualidade dos cursos de pós-graduação Stricto sensu da Universidade. Ele lembrou que os avanços da Unimontes na área foram registrados em avaliação recente realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do MEC. No avaliação, o Mestrado em Letras/Estudos Literários passou do conceito 3 para 4, abrindo perspectiva para a criação de curso de doutorado.

As conferências de abertura do seminário tiveram como tema “Literatura, Intermidialidade Poéticas”. O professor Marcelo Spalding, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), falou sobre a “Criação Literária na Era Digital”; e o escritor, ilustrador e quadrinista Marcelo Lélis, que focalizou o tema “Anuí: o Inverso das Coisas”. A mediadora foi a professora Ivana Ferrante Rebello e Almeida, que focalizou o tema “Hortência das Tranças: Literatura a Bico de pena”, a partir de título de livro em quadrinho do próprio Lélis, que é de Montes Claros e já conquistou vários prêmios nacionais. Radicado em Belo Horizonte, ele é ilustrador do jornal Estado de Minas.

FIM DO LIVRO?

Ao falar sobre a criação literária na era digital, o professor e escritor Marcelo Spalding desafiou a plateia com abordagem sobre as novas plataformas e novos formatos das publicações. Ele se lembrou das mudanças proporcionadas pela tecnologia, como a substituição dos antigos discos LP (Long Play) por CD e o desaparecimento da máquina fotográfica analógica, com a utilização de filmes.

Nesse contexto, Spalding provocou a plateia – formada por professores, pesquisadores e estudantes de Letras, com a pergunta: “o livro impresso vai acabar?”. Na sequência, ele mesmo respondeu: “O livro não vai acabar. As novas tecnologias serão aliadas à Literatura”, disse. O escritor e professor da UFRGS enfatizou que só existe uma possibilidade de o velho livro deixar de existir. “O livro só poderá acabar pelo descaso com a Literatura”, assegurou.

Ainda na abertura do seminário, o ilustrador e quadrinista Marcelo Lélis, ao falar sobre o tema “Anuí: o Inverso das Coisas”, relatou a experiência pessoal na literatura. “Muita gente ainda discute se quadrinho é literatura. Quadrinho é quadrinho, assim como cinema não é teatro e teatro não é televisão. São expressões. São mecanismos com um único fim: contar histórias”, afirmou.

Ele falou também das dificuldades dos escritores para publicação dos seus trabalhos pelas editoras e contou como lançou uma plataforma de financiamento coletivo pela internet do seu livro. “A resposta dos leitores foi surpreendente: em dois meses de campanha para arrecadar o valor correspondente ao custo da impressão e distribuição do livro, o projeto recebeu não só o valor da meta estipulada, mas atingiu 30% acima dela. Claro, recebi algumas propostas de editoras durante a campanha, que é um período em que o projeto fica mais visível e mais pessoas o compartilham”, relatou.

“PUBLIQUE”

Lélis ainda deu uma dica para os professores. “Se você é escritor, está angustiado, se tem algo que te incomoda, é um bom sinal. Significa que você precisa compartilhar essas suas angústias com o maior número de pessoas que você puder. Você precisa colocá-las para fora. Precisa publicá-las”, recomendou.

O IX Seminário Nacional de Pesquisa em Literatura e Criação Literária presta homenagem ao escritor mineiro Luiz Vilela, ganhador dos prêmios nacionais de Ficção e da Academia Brasileira de Letras, dentre outras premiações. Além de conferências, na programação constam sessões de comunicação, minicurso, lançamento de livros, apresentações culturais e palestras

Coordenador do mestrado em Letras, o professor José Osmar Oliva, agradeceu o apoio da Reitoria da Unimontes, o que, segundo ele, garantiu a viabilização do evento. “A discussão torna-se importante para garantir a melhoria no Ensino da Literatura e da Língua Portuguesa”.

Cinco eixos temáticos dominam os debates do evento: “Crimes na Literatura: Tradição e Modernidade”, “Literatura, Crítica e representações sociais”, “Literatura e outras Artes”, “Literatura e as Poéticas Digitais” e “Literatura e Ensino”. Mais informações no site do evento.