O maior evento acadêmico e científico da Universidade Estadual de Montes Claros foi aberto na noite dessa quarta-feira (8/11), no campus-sede. Professores, pesquisadores, acadêmicos e visitantes participaram da solenidade oficial de abertura da 11ª edição do Fórum de Ensino, Pesquisa, Extensão e Gestão (FEPEG), que destaca neste ano o tema “Universidade, Sociedade e Políticas Públicas. O evento foi presidido pelo reitor, professor João dos Reis Canela, acompanhado pelo vice-reitor professor Antonio Alvimar Souza e pró-reitores. A partir de dados gerados pelo Enem, a professora Ana Paula Karruz, da UFMG, ministrou a conferência de abertura sobre a “Avaliação da Lei Federal de Cotas”.
O evento tem mais de quatro mil inscritos com a oferta de 21 minicursos e oficinas, seminários, além de palestras e apresentação de trabalhos científicos em modalidades de Extensão, Ensino e Pesquisa, que demonstram o avanço da produção científica na instituição. São 1,2 mil trabalhos selecionados para apresentação, de autoria de acadêmicos da Universidade e também de outras Instituições de Ensino Superior de Minas Gerais e de outros Estados – inclusive mestrandos e doutorandos.
“A cada ano, buscamos uma temática diferenciada com o propósito de colaborar com as discussões importantes no universo acadêmico do Ensino Superior brasileiro e, ao mesmo tempo, com o propósito de estimular o interesse pela ciência e pela inovação”, pontuou o reitor. Na oportunidade, ele formalizou o “apoio a todos que contribuíram para a realização do 11º Fepeg, em especial o Governo do Estado de Minas Gerais, por intermédio das Secretarias de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SEDECTES), de Saúde e de Planejamento e Gestão (Seplag).
Coordenador geral do evento, o pró-reitor adjunto de Extensão, o professor Paulo Eduardo Gomes de Barros também destacou a relevância do tema deste ano. “Políticas Públicas e avaliação da Lei de Cotas são temas que precisamos cada vez mais nos aprofundar em amplas discussões. Neste contexto, a Unimontes cumpre seu papel, pois está além das discussões porque transforma a vida de pessoas e vem mudando a realidade social nas regiões onde está presente”. Ele ressaltou, na forma de agradecimento, o envolvimento dos acadêmicos na divulgação de trabalhos científicos de grande relevância.
O vice-reitor Antonio Alvimar falou sobre o papel dos pesquisadores e das Universidades. “Temos que formar pessoas com a visão mais próxima da realidade social, que façam do conhecimento um instrumento de desenvolvimento. As Universidades devem ser espaço de respeito às diferenças e às diversidades colocando a produção de pesquisa como instrumento de inclusão”, ressaltou.
PALESTRA DE ABERTURA
A palestra de abertura foi ministrada pela professora doutora Ana Paula Karruz, do Departamento de Ciência Política, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em seu estudo, a pesquisadora abordou a amplitude do sistema de reserva de vagas nas Universidades Federais, instituída pela Lei Federal de Cotas com a proposta de minimizar as desigualdades socioeconômicas.
“No geral, as pesquisas indicam que a composição do alunado muda na direção esperada e que os cotistas têm apresentado notas e percentual de permanência comparáveis ao restante do corpo discente”. E completou: “pouco se sabe, porém, sobre a medida da efetividade das cotas. Se forem plenamente efetivas, devem posicionar em pé de igualdade os candidatos com notas diferentes no Enem, de forma a desonerá-los das desigualdades socioeconômicas”.
Os números da pesquisa correspondem aos microdados do Exame Nacional de Ensino Médio de 2013 e 2014 (Enem), com informações sobre cursos e notas de corte fornecidas pela UFMG. Resultados até o momento sugerem que a expansão da reserva vem ampliando as chances de acesso aos estudantes mais desfavorecidos, mas, esse efeito varia bastante entre as graduações. Sua materialidade reduz-se expressivamente quando são controladas diferenças entre cortes.
A pesquisadora destacou também o interesse em estudar o tema em outras Universidades, a partir da mesma abordagem analítica. “É preciso explorar as interconexões entre a reserva de vagas e a assistência estudantil, bem como a inserção de beneficiados no mercado de trabalho”, finalizou.