Setembro marca a campanha nacional de prevenção ao suicídio. A Universidade Estadual de Montes Claros, que já possui ações neste sentido, também abraça a causa e promoverá uma campanha alusiva em parceria com diversos setores da instituição e do Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF).

O “Setembro Amarelo Unimontes” envolverá uma série de setores da Universidade que trabalham diretamente com a humanização, como a Pró-Reitoria de Extensão, Projeto de Apoio Psicológico e Orientacional (PAPPO), Departamento de Saúde Mental e Coletiva, Diretoria de Desenvolvimento de Recursos Humanos (DDRH), Diretorias dos Centros de Ensino, coordenação dos campi avançados, Diretório Central dos Estudantes (DCE), Biblioteca Central, além do HUCF. A programação completa, com palestras, blitze educativas, rodas de conversa, distribuição de laços e visitas será definida em reunião na próxima terça-feira (3/9).

A coordenação da campanha é da vice-reitora, professora Ilva Ruas de Abreu, que considera a questão como “de saúde pública” e, por isso, é importante fortalecer os debates sobre a prevenção ao suicídio e, ao mesmo tempo, dar visibilidade às ações de suporte e amparo às pessoas que estejam convivendo com algum conflito psicológico.

O médico psiquiatra Pedro Paulo Narciso Avelar, coordenador da Residência Psiquiatra do Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF) e professor do curso de Medicina da Unimontes, explica que é preciso “desconstruir” o preconceito de não pedir ajuda a psicólogos ou psiquiatras quando o assunto é a saúde mental.

“Procuramos ajuda quando temos dores pelo corpo. Por que não pedir ajuda quando estamos com o psicológico em conflito ou em crise? Não podemos sofrer sem falar com ninguém e ainda achar que a culpa é nossa. Precisamos ajudar pessoas que possam nos mostrar como sair desses problemas psicossociais. Não é sinal de fraqueza pedir ajuda, mas de sabedoria”, pondera o psiquiatra.

NÚMEROS

Os transtornos mentais (psiquiátricos e psicológicos) como a depressão, as crises de ansiedade, a bipolaridade, o estresse, questões emocionais e comportamentais, pânicos, fobias, orientação sexual e tentativas de suicídios cresceram em 24% no número de casos entre jovens, nos últimos 10 anos, segundo informações da Revista Brasileira de Psiquiatria – com base em pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). E o planejamento da Organização Mundial de Saúde (OMS) era justamente o contrário: reduzir estas taxas em até 10% até 2020.

“Alguns fatores apontam para este crescimento, dentre os quais a crise financeira, política, social, insegurança, incertezas, orientação sexual, pressões familiares, da sociedade e da própria pessoa para ser bem sucedida”, justifica o pesquisador.

“A população jovem tem maior probabilidade para essas tentativas de suicídio. Estudos apontam que essa faixa etária absorve mais os impactos das pressões, da transição da adolescência para a fase adulta, as incertezas, inseguranças, mercado de trabalho e a cobrança para serem pessoas de destaque na sociedade”, alerta o psiquiatra.

Na visão do médico, uma hipótese que deve ser trabalhada com a juventude é a resiliência, a capacidade do indivíduo em lidar com as dificuldades, os problemas, as derrotas e adaptar-se às mudanças, superando obstáculos ou resistindo à pressão em situações adversas.

“O mundo é consumista e a sociedade impõe os padrões de consumo. Temos que aprender a lidar com a insatisfação em não poder ter tudo o que queremos”, explica o psiquiatra. “A maioria dos jovens não sabe lidar com a insatisfação e a sensação de não ter o objeto que deseja”, acrescenta o médico.

ORIENTAÇÃO SEXUAL

O médico Pedro Paulo Avelar explica que, em muitos casos, jovens de famílias tradicionais reprimem os sentimentos por vergonha e medo da rejeição dos parentes, amigos e da sociedade. “Isso tem aumentado muito os casos de transtornos mentais, pânicos e até de suicídios. Muitos sofrem calados e ainda se culpam. É importante que essas pessoas procurem conversar com pessoas de confiança, pedir ajuda aos amigos, parentes e de um especialista”.

Desta forma, ele explica, a crise passará mais rápido. “Não seja preconceituoso com você mesmo em achar que, quem procura ajuda psicológica e psiquiatra, tem transtornos mentais. Ao desconstruir esse pré-julgamento, você dá uma importante chance para se curar mais rápido”, frisa.

DADOS HUCF

No ano passado, o HUCF registrou o atendimento de 71 casos de intoxicação por ingestão de medicamentos, sendo 39 pessoas somente nos seis primeiros meses.

Já em 2019, o aumento de casos desta natureza chega quase a 100%. No primeiro semestre deste ano, o HUCF atendeu 77 pessoas com quadro de intoxicação por medicamentos.

A maior faixa etária de intoxicação ocorreu entre 20 e 59 anos, com 50% dos atendimentos no Hospital. Há registros também de crianças e jovens (entre 11 e 19 anos).

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